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Eu defendo Ambrósio. Porque Ambrósio me defende

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Foi Penelope, uma moça grega, quem mo mostrou pela primeira vez.

 

Na realidade ela apresentou-me um cartão. A foto de um mosaico: um homem da antiguidade, de barba e bigode e cabelos curtos. Um rosto simples, imerso em vestes litúrgicas que, por sua vez, pareciam solenes. Acima dessa figura estava escrito somente «AMBROSIVS».

 

«É Ambrósio. É o protetor de Milão. Fique com essa foto para você».

«É Ambrósio. É o protetor de Milão. Fique com essa foto para você»

 

Isso aconteceu em Milão quase vinte anos atrás. Para mim, mais de uma era geológica. Um outro planeta, uma outra vida.

 

Estava-se, de fato, nos dias de Santo Ambrósio. Eu estava vivendo em Milão fazia um ano, mas nunca tinha tido interesse em saber quem tinha sido Ambrósio. Nunca tinha tido a necessidade de observar o rosto dele. Além do mais, um rosto ele não poderia ter. Santo Ambrósio era uma festa, não uma pessoa.

 

Ainda assim, mesmo naquela outra encarnação do meu ser na qual a Fé era remota, eu compreendi que o gesto de Penelope tinha um valor inusual. Ela não me tinha passado um disco (naquela época eles existiam) e nem um livro (daqueles que não se lê e nem se devolve). Eu senti que ela queria me transmitir algo de especial. Quase um objeto mágico, um talismã: naquela época as minhas categorias cerebrais eram essas.

 

Penelope tinha estudado nos anos noventa com a pessoa que então era a minha namorada, uma moça germano-americana.

Algo que eu não sabia como definir, mas hoje sim: devoção.

 

Elas tinham estudado aquilo que se chama «design», que naquele tempo era quase algo sério. Tinham-no feito em Londres, que, naquele tempo, era um centro de mistura do empreendedorismo juvenil mundial, um tipo de liquidificador no qual os ingredientes eram americanos, japoneses, libaneses, russos, austríacos, coreanos, flamingos, croatas, cujos rabiscos apátridas jorravam em ondas nas casas de moda ou nos estúdios publicitários de Milão. Eram dias cintilantes e distraídos.

 

Nada naquele mundo podia me levar a pensar naquela inexplicável faísca que via nos olhos de Penelope, algo que eu não sabia como definir, mas hoje sim: devoção. Penelope tinha reencontrado a Fé próprio naquele tumulto de cores e niilismo que imergia a nossa juventude.

 

Ela era cristã ortodoxa; isso também afligia a minha ignorância. Mas como? Uma ortodoxa que me fala de um santo católico?

 

«Os santos que vieram antes do cisma são santos para todos», educou-me com aquele sotaque suave. Eu não o sabia de jeito nenhum.

 

 

Devoção

Foi com aquele cartão no bolso que, em uma tarde de inverno, sem saber bem o porquê, eu entrei pela primeira vez na Basílica de Santo Ambrósio.

Eu tinha entrado na cripta. Eu não estava preparado: não podia esperar encontrar, naquela galeria escura sob o altar, três esqueletos – os únicos pontos iluminados – e uma grande grade de metal separando-me deles

 

Vaguei pela nave que, em relação à do Duomo, notei, era mais luminosa; não sei bem se gostei daquilo. Observei aquela coluna estranhíssima, no meio da igreja, sobre a qual há uma serpente de bronze. Estava confuso.

 

Havia paz. Isso, sim, eu sentia distintamente. Não passou muito tempo para que eu me sentisse magnetizado pelo fundo da Basílica. E dali, abaixo em direção àquele punhado de degraus.

 

Eu tinha entrado na cripta.

 

Eu não estava preparado: não podia esperar encontrar, naquela galeria escura sob o altar, três esqueletos – os únicos pontos iluminados – e uma grande grade de metal separando-me deles.

 

Daquela primeira ida, conservo a recordação nítida de apenas uma figura humana que estava diante de mim. Uma mocinha que não tinha vinte anos. Bem vestida, com o seu capuzinho elegante, botas altas; os olhos azuis, os quais eu conseguia ver de relance por causa de raios de luz provenientes do lado de fora, transmitiam firmeza, mas não só isso. Ela estava ajoelhada diante do portão, virada em direção aos Santos. As mãos estavam unidas em oração. Com elas, agarrava-se às barras de metal, como se fossem as grades de um cárcere, como se estivesse ardendo para se liberar de si mesma ou alguma outra coisa, mantida logo atrás daquelas barras.

Passaram-se os anos, passaram-se a namoradas, as sortes, as desventuras, os estudos, os trabalhos, as alegrias, as desgraças, os prefeitos e os governos: e, ainda assim, me reencontrava sempre, e cada vez mais frequentemente, imerso naquela cripta

 

O quê ela estava fazendo? Por que uma moça assim – uma moça de boa família que eu até achei bonita – tinha a necessidade de fazer algo assim? Rezar com todo o espírito um esqueleto?

 

A resposta está em algo que aprendi a compreender tempos depois: devoção.

 

A devoção era, na realidade, aquela firmeza que eu tinha fugazmente lido nos olhos de Penelope e que agora era irradiada por essa mocinha. Uma devoção especial, pessoal, local: aquela garota estava pregando para o protetor da cidade. O defensor daquela cidade específica.

 

Passaram-se os anos, passaram-se a namoradas, as sortes, as desventuras, os estudos, os trabalhos, as alegrias, as desgraças, os prefeitos e os governos: e, ainda assim, me reencontrava sempre, e cada vez mais frequentemente, imerso naquela cripta. Com o tempo, encontrei-me emulando aquela garotinha que eu nunca mais vi: ajoelhado, as mãos apertando forte aquela grade, da qual, neste momento em que estou escrevendo, sinto o frio do metal enquanto toca as palmas das minhas mãos.

Ajoelhado, falando com o Patrono. Pedindo-lhe que me protegesse, e que protegesse a cidade inteira onde eu vivia. Proteger Milão, porque em Milão, às vezes de longe e às vezes não, eu tinha visto todo tipo de coisa

 

Às vezes, naquela grade eu apoiava também a minha cabeça, entre uma barra e outra, na impossibilidade de atravessar entre elas o meu crânio; naquilo que era um apoio de alívio, sempre o ferro gélido tocando até os meus ossos. Ajoelhado, falando com o Patrono. Pedindo-lhe que me protegesse, e que protegesse a cidade inteira onde eu vivia. Proteger Milão, porque em Milão, às vezes de longe e às vezes não, eu tinha visto todo tipo de coisa.

 

Eu tinha visto as pessoas brutalizarem-se no modo mais abjeto; tinha visto a maldade dos potentes; tinha visto a maldade dos impotentes; tinha visto homens combatendo uns contra os outros e adoecendo; tinha visto amigos acumulando dinheiro e perdendo a humanidade e também a família; tinha visto um homem separando-se da ex-namorada no bar embaixo de casa; tinha visto meus coetâneos engolidos por abismos noturnos para não reemergirem nunca mais; tinha visto a droga (seja as legais que as ilegais) consumirem as mentes de uma ou duas gerações sem deixar nenhum resto; tinha visto uma bela conterrânea ser baleada pelo conviva, o qual estava chumbado psiquiatricamente; uma outra foi esquartejada pelo filho, que vivia com ela; tinha visto lugares de perdição verdadeira, que ainda hoje me pergunto como podiam existir; tinha visto o crime conviver tranquilamente com a cotidianidade; tinha visto a ambição deixar as pessoas desoladas, monstruosas, deformadas; tinhas visto traições, adultérios, todos os tipos de subversões sexuais e morais; tinha visto mulheres rejeitando os próprios filhos, e matando-os; outras, em vez disso, eu tinha visto matando quantidades indefinidas de crianças na proveta para, no fim, ter só uma entre os braços.

Perversão, decadência, morte. Milão é verdadeiramente uma metrópole. Como não invocar a proteção de Ambrósio? Isso me parecia impensável. Perversão, decadência, morte. Milão é verdadeiramente uma metrópole. Como não invocar a proteção de Ambrósio? Isso me parecia impensável. Como não imaginar, enquanto apertava aquelas barras, que ele estendesse um manto santo sobre a cidade? Que freasse o Mal que corria solto por aquelas ruas?

 

Como não imaginar, enquanto apertava aquelas barras, que ele estendesse um manto santo sobre a cidade?

 

Que freasse o Mal que corria solto por aquelas ruas?

 

Terminei acreditando firmemente que Ambrósio fosse quem segurava Milão para que a cidade não se chafurdasse naquele Inferno de fogo que teria engolido aquele Inferno humano que eu registrava com os meus olhos.

 

Por isso, a oração naquela cripta tornou-se assídua para mim.

 

 

Tales ambio defensores

Não consigo enumerar as vezes que terminei diante dos restos mortais de Ambrósio, Gervásio e Protásio. Por alguns períodos, isso foi uma coisa cotidiana.

Terminei acreditando firmemente que Ambrósio fosse quem segurava Milão para que a cidade não se chafurdasse naquele Inferno de fogo que teria engolido aquele Inferno humano que eu registrava com os meus olhos

 

Agarrei-me àquelas barras milhares de vezes; várias vezes eu fui mandado embora pelo diligente senhor filipino (creio eu) que chegava com o enorme, tilintante, maço de chaves para fechar a basílica.

 

Tive vários encontros maravilhosos naquele lugar santo.

 

Lembro-me de quando, tropeçando e esbarrando em uma senhora coberta com um véu, disse-lhe «izvinite» («desculpe-me»). Ela fazia múltiplos sinais da cruz e era, claramente, uma das muitas senhoras ortodoxas – creio que fosse devota, mas às vezes lá iam verdadeiros grupos de peregrinos – que vão homenagear Ambrósio.

 

A senhora, após termos saído da cripta, quis trocar algumas palavras comigo, entusiasmada pelo mísero russo que eu estava estudando. Puxou-me imediatamente junto com ela ao metrô até a estação do Duomo, onde me entreabriu as portas de uma igreja ortodoxa localizada logo atrás da catedral e de cuja existência, até então, eu não sabia. A visita a Ambrósio era uma parada que ela fazia antes de ir à igreja dela. Havia muitas senhoras (moldavas, ucranianas, bielorrussas, russas, cazaquistanesas…); algumas eu pensei que se ocupassem com a assistência de doentes ou velhos; outras, mais jovens e elegantes, trabalhavam claramente com moda; outras ainda, mais formosas e que se destacavam, provavelmente ocupavam-se de outra coisa – todas, porém, vestiam o véu. Havia os popes com barbas e vestes escuras e longuíssimas, as velas, a iconóstase imensa com seu brilho dourado. Tudo parecia solene, mesmo se não tinha uma cerimônia em andamento. Assim como Penelope, a senhora moldava meu deu um cartão, isto é, aquilo que ela podia me doar de mais próximo a um ícone.

Agarrei-me àquelas barras milhares de vezes; várias vezes eu fui mandado embora pelo diligente senhor filipino (creio eu) que chegava com o enorme, tilintante, maço de chaves para fechar a basílica

 

Compreendi que tinha parado uma outra vez em um circuito invisível, cujo termo era, mais uma vez, Ambrósio. A devoção.

 

Sim, o circuito da devoção, cuja parada principal era aquela cripta, na qual fui parar não porque tinha lido um livro (não sabia, e não sei ainda hoje nada sobre o Santo!), mas porque tinha sido atraído por aquele fluxo intangível que corria em Milão através até mesmo do coração dos estrangeiros.

 

Àquela cripta eu levei de tudo: desde as alegrias dos primeiros (pequenos) ganhos por trabalhos realizados até a morte de um genitor; desde a esperança de prosperidade até o estilhaçamento do meu ser que, às vezes, os eventos milaneses podiam provocar.

 

Sobretudo, levei a minha pequenez. A minha necessidade de ser protegido, defendido.

Compreendi que tinha parado uma outra vez em um circuito invisível, cujo termo era, mais uma vez, Ambrósio. A devoção

 

«Tales ambio defensores», disse Ambrósio quando encontrou os corpos dos dois mártires, Gervásio e Protásio, que agora jazem junto a ele (foi fruto de uma escavação que ele quis comissionar guiado por um presságio interior; o evento permitiu-lhe ganhar definitivamente o coração de Milão, onde, naquela época, habitavam muitos heréticos arianos).

 

Repeti-lo eu mesmo muitas vezes: «Tais defensores eu desejo».

 

 

Inimigos de Ambrósio

Ao mesmo tempo, sinto-me no dever de defender Ambrósio. Porque, por mais que possa parecer incredível, Ambrósio tem inimigos.

 

Forças que anseiam pela destruição de Ambrósio e daquele rio invisível que me levou até ele.

 

Em 1799, os napoleônicos da República Cisalpina queriam que a Basílica fosse transformada em um hospital militar.

Àquela cripta eu levei de tudo: desde as alegrias dos primeiros (pequenos) ganhos por trabalhos realizados até a morte de um genitor; desde a esperança de prosperidade até o estilhaçamento do meu ser que, às vezes, os eventos milaneses podiam provocar. Sobretudo, levei a minha pequenez. A minha necessidade de ser protegido, defendido

 

Outras forças filhas da Revolução – os nossos «liberadores» anglo-americanos – bombardearam covardemente, a partir dos céus, Santo Ambrósio em 1943.

 

Após isso, em 28 de junho de 2000, o Mal e a sua maquinação terrena passaram ao ataque direto, penetrando até mesmo no coração ambrosiano. Esconderam em um genuflexório da nossa cripta uma mochila com duas garrafas cheias de gasolina ligadas a um pavio químico alimentado por uma pilha. Uma bomba incendiária. (Queimar Ambrósio e o seu templo, direi mais abaixo, pode ter um significado de nêmesis precisa). O artefato foi encontrado pela Digos, porque um jornal tinha recebido um aviso de reinvindicação pelo atentado. Os executores teriam sido anarquistas da sigla «Solidariedade Internacional»; estariam protestando por conta de uma cerimônia da polícia penitenciária.

 

Na realidade, eu sei que, desde há séculos, querem golpear algo de maior, algo de fundamental para o equilíbrio de toda a cidade – e da minha vida.

 

Querem golpear Ambrósio.

 

Querem golpear a sua devoção.

Por mais que possa parecer incredível, Ambrósio tem inimigos. Querem golpear Ambrósio. Querem golpear a sua devoção

 

Porque eu sei disso tudo, não me admirei quando, alguns anos atrás, foi publicado um ataque a Ambrósio na forma de um livro.

 

O livro, que recebeu afagos do inteiro espectro das publicações nacionais, desde Il Sole 24 ore até Il Manifesto, levava a assinatura de um velho conhecido, digamos assim, um tal de Franco Cardini.

 

O título não permitia muitas interpretações: Contra Ambrósio.

 

Don Ricossa recordou-me, com muitas documentações, «que Cardini foi membro do comitê científico da revista maçônica Ars Regia; que Cardini tinha recebido e aceitado uma honorificência do Grande Oriente da Itália; que Cardini escreveu o prefácio de um livro sobre os Templários escrito pelo filho do então Grande Mestre da Maçonaria, Raffi, cujos lucros foram direcionados à obra maçônica dos Asilos noturnos; que Cardini participou de uma convenção da Grande Loja da Itália, obediência da piazza del Gesù; que Cardini reconhece-se na Lenda medieval dos três anéis, revisitada pelo maçom Lessing e nas ideias dos cristãos, judeus e muçulmanos “irmãos em Abraão”; que, segundo Cardini, Gad Lerner tem razão ao dizer que Jesus Cristo não é cristão, mas judeu, sendo o Cristianismo uma invenção de Saulo di Tarso; que, para Cardini, não é nem mesmo historicamente certo que Jesus tenha existido; que, para Cardini, o filme sobre Hipácia, mártir pagã vítima do cristãos, não permite objeções do ponto de vista histórico, e que, além disso, o Cristianismo impôs-se com o uso da violência muito mais do que o Islam. Por isso, não nos admiramos se as preferências de Cardini tenham o aval de padres como don Gallo: “posso atestar que poucos como ele, na história do cristianismo, tenham sido a tal ponto fieis à mensagem de Cristo e à missão da Igreja no mundo”».

 

«Quando eu era vice presidente do Conselho Nacional de Pesquisa – disse-me Roberto de Mattei – organizei em Roma um seminário internacional sobre as Cruzadas, mas achei melhor não convidar o professor Cardini, porque o seu trabalho é um trabalho de desconstrução da ideia de Cruzada, incompatível com os resultados da mais recente e acreditada literatura científica. Cardini telefonou-me furioso, o quê eu julguei como uma falta de estilo».

 

Cardini leva até Ambrósio o mesmo trabalho demolidor e desacralizante.

Em 388, em Callinicum (hoje Raqqa, a ex-capital da ISIS), uma sinagoga foi incendiada. O governador romano local, apoiado por Teodósio, decidiu que quem deveria pagar pela reconstrução era o bispo local, que fora considerado como o instigador dos incendiários

 

O episódio que deu início à eleição de Ambrósio ao episcopado, isto é, o menino que grita no meio da Igreja «Ambrósio Bispo!», arrastando com si toda Milão, foi, para Cardini, uma «encenação», um «bem arquitetado episódio de organização do consenso», um evento fruto da obra de um especialista em marketing e cuja «espontaneidade popular foi acuradamente pilotada».

 

Todavia, é a submissão de Teodósio que mais enfastia o professor: «Augusto, de príncipe aureolado de autoridade sacral que sempre tinha sido, de vigário de Cristo na terra, tinha descido ao nível de um simples fiel, pronto para humilhar-se para receber o perdão».

 

O famoso episódio no qual o bispo Ambrósio dobra o Imperador induzindo-o à penitência representa para o autor algo de intolerável, porque isso seria um emblema perfeito de um «projeto de deslegitimização total e irreversível das classes diferentes do Cristiano niceno em todo o império».

 

Em suma, o quê Cardini não pode suportar é a primazia da Igreja sobre o mundo. O fato de Teodósio ter sido compelido à penitência pelo bispo Ambrósio por causa do massacre de Tessalônica (Salônico, na Grécia…) é para o velho estudioso a base «de um longo e complexo itinerário que em vários modos, através do augustinismo político, da reforma da Igreja do século XI e do monarquismo pontifício» delineou aquela Tradição «que no âmbito católico – uma vez abatidas as heresias e isolados como heréticos ou perigosos muitos movimentos “não conformistas” medievais – somente o conciliarismo dos anos 400 e, em uma certa medida, o Vaticano II e, hoje, as escolhas inovadoras do Papa Francisco, tenderam de algum modo a limitar e corrigir».

 

Vocês compreendem? Papa Francisco – efetivamente o Papa mais submisso ao Império do Mal – como antidoto aos danos provocados por Ambrósio.

Ambrósio escreveu ao Imperador exprimindo o seu dissenso: «Eu declaro ter feito arder em chamas a sinagoga – escreveu em uma epístola destinada ao Imperador – sim, fui eu que atribuí o encargo, para que não haja mais nenhum lugar onde Cristo seja negado».

 

A Igreja não deve demandar ao poder a penitência se este comete massacres injustos: vocês entendem a atualidade dessa requisição?

 

Uma Igreja assujeitada ao poder (como esta que estamos vendo hoje) é para o toscano a condição certa para a esposa de Cristo: «o liberar e o manter livre o clero dos controles e dos condicionamentos de quaisquer autoridades terrenas – bem diferente, se não o contrário, daquilo que Jesus declarou explicitamente a Pilatos – teria sido uma condição necessária e suficiente para salvá-lo das tentações terrenas», todavia, «a inteira história da Igreja demonstra o oposto».

 

Em suma, «talvez sem ele não teríamos tido um conflito entre o mundo católico e a modernidade».

 

Traduzindo: sem Ambrósio o catolicismo seria naturaliter modernista.

 

Peguei essas citações, que em mim surtem o efeito de amar ainda mais o meu Santo, de um textão celebrativo dedicado ao livreco em questão por Paolo Mieli no mais importante jornal do país.

Ambrósio, diferentemente dos democratas-cristãos e de seus pactos com as potências infernais, não fazia compromissos.

 

Trata-se de uma daquelas duplas páginas, sempre densas e interessantíssimas, para dizer a verdade, nas quais, uma vez por semana, consentem ao pluri-ex-diretor do Corrierone resenhar um texto mais ou menos revisionista.

 

Mieli, para dizer a verdade, poderia ter alguns cavalos envolvidos na corrida. Ele é filho do ex-agente da Psychological Warfare Branch dos serviços secretos britânicos Ralph Merrill (no registro civil egípcio Renato Mieli), depois diretor da ANSA e de L’unità, mas que terminou, porém, pouco depois, exaltando o ultraliberalismo de Hayek e Von Mises (e por isso os fundos da confederação das indústrias não lhe faltaram); sobretudo, podemos dizer que Paolo Mieli é, assim como seu pai, de origem hebraica.

 

Mas eu gostaria que estivesse presente nesse estalinho editorial contra Ambrósio o antigo preconceito que vê o Santo como um antissemita. Porque Ambrósio enfrentou de cabeça erguida o Imperador Teodósio ainda uma outra vez.

 

Em 388, em Callinicum (hoje Raqqa, a ex-capital da ISIS), uma sinagoga foi incendiada. O governador romano local, apoiado por Teodósio, decidiu que quem deveria pagar pela reconstrução era o bispo local, que fora considerado como o instigador dos incendiários.

 

Ambrósio escreveu ao Imperador exprimindo o seu dissenso:

Mesmo a séculos de distância, como vocês acham que isso possa ser perdoado pelos judeus, falsos cristãos e servos dos deuses da morte?

 

«O local que abriga a incredulidade judaica será reconstruído com despojos da Igreja? (…) Os judeus colocarão no frontão da sinagoga deles a seguinte inscrição: Templo da impiedade reconstruído com o dinheiro dos cristãos (…) O povo judeu introduzirá essa solenidade entre os seus dias festivos?».

 

Ambrósio tinha detectado já naquela época a questão da incompatibilidade entre Estado e Igreja quando através da carta perguntou a Teodósio: «que coisa é, portanto, mais importante, a ideia de disciplina [isto é, da manutenção da ordem pública; nota do redator] ou o motivo da religião?».

 

É a mesma pergunta que Andreotti se colocou quando entendeu que se não colocasse em pauta a lei sobre o livre aborto na Itália o seu governo teria caído. Sabemos como ele respondeu. Sabem-no também as seis milhões de crianças assassinadas por aquela lei, às quais adicionamos alguns outros milhões de vítimas da conseguinte prática genocida da fecundação assistida, que, para cada criança sintética nascida, mata pelo menos umas outras 20 – portanto, outros milhões, muitos mais, seguirão.

 

Ambrósio, diferentemente dos democratas-cristãos e de seus pactos com as potências infernais, não fazia compromissos.

 

«Eu declaro ter feito arder em chamas a sinagoga – escreveu em uma epístola destinada ao Imperador – sim, fui eu que atribuí o encargo, para que não haja mais nenhum lugar onde Cristo seja negado».

O meu desgosto pelos membros do movimento Comunhão e Libertação (e os seus bispões que não se reelegem e infelizes) que tagarelam sobre «liberdade religiosa» enquanto o Santo da cidade deles foi o mais acirrado inimigo dela, e por causa disso – especialmente contra os pagãos – combateu uma guerra ardente, e venceu-a

 

Leiam novamente: «para que não haja mais nenhum lugar onde Cristo seja negado».

 

Mesmo a séculos de distância, como vocês acham que isso possa ser perdoado pelos judeus, falsos cristãos e servos dos deuses da morte?

 

 

Tradidi quod et accepi

Quero concluir.

 

Eu teria muito a dizer, como, por exemplo, sobre o meu desgosto pelos membros do movimento Comunhão e Libertação (e os seus bispões que não se reelegem e infelizes) que tagarelam sobre «liberdade religiosa» enquanto o Santo da cidade deles foi o mais acirrado inimigo dela, e por causa disso – especialmente contra os pagãos – combateu uma guerra ardente, e venceu-a.

 

Alguém acusar-me-á: por que você está dizendo isso? Você é um historiador? Um teólogo? Um sábio?

 

Não, eu não sou. Sou um homem ignorante e a única história que eu conheço de verdade a respeito de Ambrósio é aquela que me levou até ele. Sou somente uma pessoa que ainda consegue se derreter diante da devoção; alguém tão obtuso a ponto de me admirar do fato que ela ainda exista; alguém tão trouxa que acredita que a devoção não seja somente necessária, mas até mesmo «eficaz».

Essa é a minha microscópica contribuição à Tradição: transmiti a devoção que eu tinha recebido, levei alguém até Ambrósio, assim como eu ali tinha sido levado

 

Sou um pecador: sou um que pede ajuda a Ambrósio. Não escrevi livros, não estudei a fundo a sua vida e nem as suas obras.

 

Uma coisa, porém, eu fiz.

 

Levei uma garota até Ambrósio, Sophia. Alemã, como Ambrósio.

 

Sophia tinha um problema: não conseguia mais entrar na igreja sem ter um ataque de choro. O motivo, levantei a hipótese, estaria ligado a acontecimentos pessoais. A sua família tinha passado por momentos escuros, em parte irresolvidos, em parte resolvidos, que tinham deixado uma marca no seu espírito. Na igreja, ela explicou-me, não conseguia entrar porque «não me sinto suficientemente pura», mesmo se Sophia fosse uma das pessoas mais puras que eu conhecia em Milão.

 

Dei um duro. Nas primeiras vezes, arrastá-la era um verdadeiro exercício de violência psicológica. «Eu entro; é necessário fazer estas cenas»? A isso se seguiam olhos arregalados, afasias, embaraços paralisantes, lágrimas.

 

Eu comecei assim, devagarinho, a leva-la à missa de domingo à noite. Na prática, é verdade que algumas vezes ela desmaiou e foi prontamente socorrida pelos fieis circunstantes. Mas agora tudo ficou para trás. Ela expressou para mim, várias vezes, a sua gratidão pela minha obstinação. Ficou amiga dos sacerdotes assim como dos outros fieis; tornou-se assídua.

 

Ela se pergunta frequentemente porque eu pressionei-a tanto: o porquê é Ambrósio quem sabe, eu sou somente a nanométrica parte do seu circuito invisível.

Conservei, e transmiti, a devoção ao coração de Milão e à verdadeira Cristandade

 

Alguns dias atrás, Sophia recebeu finalmente a Crisma, que ainda lhe faltava. Ela queria que eu tivesse sido o seu padrinho, mas, afastado como hoje sou da Igreja conciliar, nem por um segundo eu pensei que poderia ter sido eu que sigilasse o fim dessa minúscula história ambrosiana.

 

Apesar do estado de aberração ao qual se dirige a Igreja, posso dizer que essa é a minha microscópica contribuição à Tradição: transmiti a devoção que eu tinha recebido, levei alguém até Ambrósio, assim como eu ali tinha sido levado.

 

Conservei, e transmiti, a devoção ao coração de Milão e à verdadeira Cristandade.

 

Eu defendo Ambrósio porque Ambrósio me defende.

 

 

Roberto Dal Bosco

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin, cujas opiniões pessoais não coincidem necessariamente com aquelas expressadas neste artigo.

 

Artigo publicado anteriormente no site Ricognizioni

 

Articolo originale in italiano.

 

 

 

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Akita, a Nossa Senhora da chuva de fogo

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Da

 

Não é errado, neste momento histórico, recordar-se da última aparição mariana reconhecida pelo Vaticano: Nossa Senhora de Akita.

 

Akita é no Japão. A Virgem Maria apareceu ali meio século atrás. A mensagem que ela deu à Freira Agnese Sasagawa foi chocante. Ela falou de uma destruição em massa, de castigos horríveis: ela falou do castigo Divino.

 

Mais ainda: ela falou de uma «chuva de fogo» que chegaria dos céus e devastaria a humanidade. Neste momento é impossível não pensar nisso: qualquer um é capaz de reconhecer que estamos vivendo o momento mais perigoso da história humana, com a devastação dos mísseis termonucleares mais perto do que nunca.

 

Mas tornemos a Freira Agnese e à aparição de Nossa Senhora.

 

Katsuko Sasagawa nasceu em 1931 em Niigata, cidade de Honshu, a principal ilha do arquipélago japonês. Do outro lado do mar, em relação a Niigata, na parte continental, está Vladivostok.

 

Katsuko foi uma pessoa doente desde jovem. Quando ela não tinha nem vinte anos, passou por uma apendicectomia que a deixou paralisada. Os médicos fizeram alguma coisa errada no processo de anestesia. A cura dessa paralisia fez com que a moça tivesse que passar por inúmeras outras operações, o que causou, seja para ela própria que para a sua família, graves sofrimentos nos anos sucessivos. 

 

Foi nesse período que Katsuko teve contato com uma enfermeira católica (naqueles tempos, também no Japão, havia freiras nos hospitais…) que a introduziu à palavra de Cristo. Katsuko falou com um monge budista, depois se converteu e recebeu o nome de Agnese.

 

Todavia, a moça continuava sofrendo. Em 1956, ela entrou em coma. Algumas freiras que tinham vindo de Nagasaki – a cidade mais católica do Japão… – umedeceram os seus lábios com um pouco de água de Lourdes. Agnese retomou subitamente a consciência.

 

O seu empenho pela comunidade católica foi grande: começou a atuar como catequista na igreja de Myoko, uma cidade ali do lado.

 

Em 1972 Agnese perdeu a audição. A família qui-la de volta em casa, mas ela tomou a decisão de entrar nas Servas da Eucaristia em Yuzawada, uma ordem de freiras contemplativas em um instituto perto da cidade de Akita, que era dirigido pelo Monsenhor Jean Shojiro Itō, o bispo de Niigata que futuramente tornar-se-ia parte integrante da revelação mariana.

 

  Às 8:30 do dia 12 de junho de 1973, Irmã Agnese abriu o tabernáculo da capela onde deveria ocorrer a adoração eucarística. Ela foi investida por uma luz potente. Prostrou-se à terra: ela sabia que poderia se tratar de um evento sobrenatural, mas se perguntou se não fosse apenas uma alucinação.

 

Em 5 de julho, enquanto fazia as orações da noite, sentiu abrir-se, na mão direita, uma ferida em forma de cruz, longa 3cm e larga 2. Ela pensou que fosse um arranhão, mesmo sentindo que a carne estava sendo cortada bastante em profundidade, como se estivesse sendo perfurada.

 

Naquela noite, às 3:00 horas, Agnese escutou uma voz:

 

«Não temas! Não rezes apenas pelos teus pecados, mas também pela reparação dos pecados de todos os seres humanos (…) O mundo atual fere o Santíssimo Coração de Nosso Senhor com a sua ingratidão e as suas injúrias. A ferida de Maria é muito mais profunda do que a tua».

 

Agnese foi guiada à capela, onde a voz, quando perguntada, respondeu-lhe: «Sou quem está ao teu lado e te vigia». Era o seu anjo da guarda.

 

Eis que uma outra voz irrompe na capela:

 

Minha fila, minha noviça, tu obedeceste-me bem abandonando tudo para me seguir. É dolorosa a enfermidade nas tuas orelhas? A tua surdez vai sarar, está certa disso. A ferida na tua mão faz-te sofrer? Reza pela reparação dos pecados dos homens. Cada pessoa desta comunidade é uma minha filha insubstituível. Recitais bem a oração das Servas da Eucaristia? Então recitemo-la juntas:

 

Sacratíssimo Coração de Jesus, realmente presente na Santa Eucaristia, eu consagro o meu corpo e a minha alma para serem inteiramente unidos com o Teu Coração que é sacrificado a cada instante em todos os altares do mundo, dando louvor ao Pai e invocando a vinda do Seu Reino.

 

Peço-te, recebe a humilde oferta de mim mesma. Usa-me como desejas para a glória do Pai e para a salvação das almas.

 

Santíssima Mãe de Deus, não deixes que eu me separe do teu Divino Filho.

 

Peço-te, defende-me e protege-me como tua filha particular.

 

Amém.

 

Enfim, a Virgem Maria acrescentou:

 

Ora muito pelo Papa, os bispos e os padres. Desde o momento do teu batismo sempre oraste por eles com fé.

 

Continua a orar muito, muitíssimo.

 

Conta ao teu superior tudo o que aconteceu hoje e obedeça-lhe em tudo o que ele te dirá.

 

Ele pediu que ela orasse com fervor.

 

Logo, Freira Agnese ora. Diante dela estava a estátua da Virgem da capela, uma cópia da Virgem de Amsterdã – Nossa Senhora de todos os povos – esculpida pelo artista budista Saburo Wakasa, membro do instituto japonês de escultura.

 

Por volta das cinco da manhã a voz desapareceu e outras freiras entraram na capela. Irmã Agnese pediu à Irmã K. que olhasse a mão da estátua: ela não tinha ousado fazê-lo no decorrer de todo aquele tempo, não tivera a coragem. Quando Irmã K. aproximou-se para examinar a estátua, prostrou-se ao chão. Não mãos da estátua havia a mesma ferida que tinha aparecido na palma de Freira Agnese.

 

Em 12 julho, durante as orações das freiras, o sangue recomeçou a escorrer da mão da efígie: a este ponto, a história já era incontível, tinha-se difundido muito além do convento. Duas semanas mais tarde chegou o bispo de Niigata, Jean Shojiro, que constatou os eventos.

 

Em 28 de julho, a ferida de Irmã Agnese começou a doer de maneira insuportável. A religiosa correu em direção à capela e prostrou-se ao chão.

 

No momento de maior padecimento, eis que surge a voz:

 

«O teu sofrimento terminará hoje. Conserva preciosamente a recordação do sangue de Maria, grava-o bem no teu coração; este sangue derramado tem um significado profundo (…) para a conversão de todos os pecadores».

 

Imediatamente, a ferida desapareceu, sarou.

 

No dia 3 de agosto, a Freira Agnese recebeu uma outra mensagem:

 

Minha filha, minha noviça, amas o Senhor? Se amas o Senhor escuta o que eu tenho para te dizer. É muito importante. Reportá-lo-ás ao teu superior.

 

Muitos homens neste mundo causam sofrimento ao Senhor. Eu desejo almas que O consolem para aplacar a cólera do Pai Celeste. Desejo, junto ao Meu Filho, almas que deverão reparar, por meio de seus sofrimentos e sua pobreza, as ofensas dos pecadores e dos ingratos.

 

Para que o mundo possa conhecer a Sua ira, o Pai Celeste está planejando infligir um grande castigo sobre toda a humanidade.

 

Junto ao Meu Filho, intervi muitas vezes para aplacar a ira do Pai. Impedi a vinda de calamidades oferecendo-Lhe os sofrimentos do Meu Filho na cruz, o Seu precioso sangue e as almas prediletas que O consolam, formando um grupo de almas vítimas. Oração, penitência e sacrifícios corajosos podem atenuar a cólera do Pai. Eu desejo isso também da tua comunidade… que ela ame a pobreza, que se santifique e reze em reparação pela ingratidão e as ofensas de tantos homens.

 

Recitai a oração das Servas da Eucaristia conscientes do seu significado. Colocai-a em prática; oferecei em reparação pelos pecados tudo aquilo que Deus pode mandar. Faça de um jeito que todos se esforcem, de acordo com as capacidades e as posições, para oferecerem-se inteiramente ao Senhor.

 

Mesmo em um instituto secular a oração é necessária. Já as almas que querem rezar, elas estão para serem reunidas. Sem dar muita importância à forma, permanecei fiéis e fervorosos na oração para consolar o Maestro.

 

O que pensas no teu coração é verdadeiro? Estás sinceramente decidida a tornar-te pedra descartada? Minha noviça, tu que desejas pertencer sem reservas ao Senhor para tornar-te a digna esposa do Esposo, faze os teus votos sabendo que deves ser afixada à cruz com três pregos. Esses três pregos são: pobreza, castidade e obediência. Dos três, a obediência é fundamental. Em total abandono, faze-te guiar pelo teu superior. Ele saberá como entender-te e encaminhar-te. 

 

Marya-sama, como os japoneses chamam a Virgem Maria, nesta mensagem anunciou a chegada do castigo. Ao mesmo tempo, declarou a importância da obediência à hierarquia eclesiástica.

 

Em 13 de outubro, Irmã Agnese recebeu a terceira mensagem, a mais tremenda.

 

Enquanto rezava, de repente ela percebeu de novo aquela luz e um perfume suave que provinha da estátua.

 

Minha cara filha, escuta bem o que tenho para te dizer. Comunicá-lo-ás ao teu superior.

 

Como te disse, se os homens não se arrependerem e não melhorarem si próprios, o Pai infligirá um terrível castigo sobre toda a humanidade. Será um castigo maior do que o Dilúvio, de proporções nunca antes vistas.

 

O fogo cairá do céu e levará embora uma grande parte da humanidade, os bons assim como os maus, sem poupar nem padres nem fiéis.

 

Os sobreviventes encontrar-se-ão de tal modo aflitos, que terão inveja dos mortos.

 

As únicas armas que vos restarão são o Rosário e o Sinal deixado pelo Meu Filho. Recitai todos os dias as orações do Rosário. Com o Rosário, orai pelo Papa, pelos bispos e pelos padres.

 

A obra do diabo infiltrar-se-á na Igreja de tal modo que ver-se-ão cardeais oporem-se a outros cardeais, bispos contra bispos.

 

Os sacerdotes que me veneram serão desprezados e obstaculizados pelos seus confrades… igrejas e altares saqueados; a Igreja estará cheia daqueles que aceitam compromissos e o Demônio estimulará muitos sacerdotes e almas consagradas a deixarem o serviço do Senhor.

 

O Demônio será implacável especialmente contra as almas consagradas a Deus. A ideia da perda de tantas almas é a causa da minha tristeza. Se os pecados aumentarem em número e gravidade, não haverá perdão para eles.

 

Com coragem, fala com o teu superior. Ele saberá como encorajar cada uma de vós a orar e a realizar a vossa tarefa de reparação. É o bispo Itō que dirige a vossa comunidade.

 

Tens ainda algo para perguntar? Hoje será a última vez que falarei com ti em viva voz. Deste momento em diante obedecerás a quem te foi enviado e ao teu superior.

 

Reze muito a oração do Rosário. Somente eu ainda posso salvar-vos das calamidades que se aproximam.

 

Quem tiver confiança em mim será salvo.

 

Essas foram as últimas palavras que Nossa Senhor confiou à Irmã Agnese.

 

Porém, os eventos extraordinários de Akita não terminaram.

 

No dia 4 de janeiro de 1975, a freira sacristã deu-se conta de que a base da estátua da Virgem estava molhada: algumas lágrimas estavam gotejando de seus olhos. Um fenômeno ao qual o Bispo Itō assistiu.

 

A própria escultura, posteriormente, parece ter mudado suas feições: de repente perece ter assumindo uma expressão de tristeza, não notada antes de então.

 

Saburo Wakasa, o escultor budista, foi chamado: ele confirmou: não a tinha esculpido daquele modo. Sobretudo «as bochechas que eu tinha esculpido eram cavas, o rosto parece ter cedido, a sua cor tinha virado marrom escuro, a sua expressão mais penetrante».

 

As lágrimas, por sua vez, foram analisadas pelo professor Kaoru Sagisaka: eram de origem humana, do grupo 0. De 4 de janeiro a 15 de setembro de 1981, as lacrimações parecem ter cessado. Don Tasuya, o capelão, teria contado algo como 101 repetições do fenômeno. As testemunhas são cerca de 2000. Diz-se que uma TV japonesa teria filmado um desses eventos.

 

Monsenhor Itō foi a Roma duas vezes para perorar pela causa de Nossa Senhora de Akita. O cardeal Ratzinger permitiu-lhe anunciar a autenticidade da aparição: «esses fatos, estabelecidos depois de 11 anos de estudos, são incontestáveis (…) consequentemente autorizo a veneração de Nossa Senhora de Akita». Depois ter obtido o que era justo, o bispo Itō aposentou-se.

 

Em 1988, Ratzinger voltou a falar de Akita, declarando que os fenômenos entorno à Irmã Sasagawa e àquela capela eram dignos de serem acreditados pelos crentes.

 

Freira Agnese sarou da surdez em dois momentos, em 1974 e 1982, mas de 1981 em diante voltou a ter paralisia. Ela continuou a executar pequenos trabalhos para a comunidade com a ponta dos dedos e os dentes.

 

O mariólogo padre Réné Laurentin, que a conheceu e estudou o seu caso, escreveu que Freira Agnese «continua vivendo a sua vida cheia de sacrifícios, constrangida à cama, numa paz profunda».

 

A mensagem de Nossa Senhora de Akita é chocante. O bispo Itō, posteriormente, disse que acreditava que a terceira parte dela, com a sua carga de castigo e destruição, estivesse conectada à mensagem de Fátima.

 

 

Hi ga Ten kara kudari. O fogo virá do céu, a maior parte da humanidade será destruída, e nem os padres nem os fiéis serão poupados. Os sobreviventes invejarão os mortos.

 

Akuma ha, Kyōkai no naka made hairikomi. O demônio entrará na Igreja.

 

Cardinaru ha Cardinaru ni, Shikyō wa Shikyō ni tairetsu suru deshō. Cardeais voltar-se-ão contra outros cardeais, bispos contra bispos.

 

Akuma guiará muitos padres e religiosos para longe de Deus. Os padres que veneram a Virgem Maria serão desprezados e atacados. Igrejas e altares serão profanados.

 

Kyōkai ha, dakyō suru mono de ippai ni nari. A Igreja estará cheia de compromissos.

 

Vejam bem: a precisão da descrição dos assuntos eclesiásticos é total.

 

Mas também a dos assuntos do mundo: a chuva de fogo já está pronta nos céus, sabemo-lo – não houve nenhum momento da história no qual isso tenha sido mais verdadeiro, nem em Cuba, nem durante toda a Guerra Fria, nem nos milênios precedentes.

 

A chuva de fogo termonuclear está sobre nós: sobre a Itália, que abriga pelo menos 40 ogivas americanas e, portanto, tem só Deus sabe quantas outras miradas sobre ela pela Rússia.

 

Fomos nós que a chamamos, nós que a invocamos, a procuramos: talvez o grosso do trabalho tenha sido feito pelos nossos governantes, é verdade – mas, se, por um momento, deixássemos de lado o orgulho e olhássemos dentro de nós, saberíamos que ela chegará também pelos nossos pecados. Pelos pecados que cometemos. Pelos pecados que permitimos que fossem cometidos.

 

O que, de concreto, podemos fazer? Podemos somente prostrar-nos nós também diante de Marya-sama e implorar por misericórdia.

 

E obedecer às instruções da Irmã Agnese:

 

Mainichi, Rosaryo no inori wo tonaete kudasai.

 

Orem o Rosário todos os dias.

 

 

Roberto Dal Bosco 

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin, cujas opiniões pessoais não coincidem necessariamente com aquelas expressadas neste artigo.

 

 

Articolo originale in italiano.

 

 

Imagem de SICDAMNOME via Wikimedia publicada sob licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International (CC BY-SA 4.0); imagem modificada.

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Artigos em português

Klaus Schwab encontra-se com Draghi. Eis a «Great Narrative» do Apocalipse e de suas Bestas

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A notícia foi reportada no site oficial do governo italiano com um título que poderia enganar os menos avisados: «O Presidente Draghi encontrou-se com o Presidente executivo do World Economic Forum».

 

Para os poucos leitores da Renovatio 21 que ainda não sabem, World Economic Forum significa Davos. E o presidente que se encontrou com o premier Draghi, portanto, não é ninguém menos do que Klaus Schwab – o máximo teorizador público do Grande Reset.

 

«O Presidente do Conselho, Mario Draghi, encontrou-se na tarde de hoje, no Palácio Chigi, com o Fundador e Presidente executivo do World Economic Forum (WEF), Klaus Schwab»

 

«O Presidente do Conselho, Mario Draghi, encontrou-se na tarde de hoje, no Palácio Chigi, com o Fundador e Presidente executivo do World Economic Forum (WEF), Klaus Schwab», escreveu o site governativo.

 

«A conversa foi focada no próximo Encontro Anual do WEF previsto para ocorrer em Davos em janeiro de 2022 e nos principais dossiers globais, tema também da Presidência italiana do G20, com particular referimento ao assunto da retomada econômica e social pós-pandêmica».

 

O encontro ganhou pouca visibilidade. Nenhum jornal, impresso, eletrônico ou televisivo, deu-lhe relevância – e isto enquanto uma parcela significativa da população está indiscutivelmente convencida de que Schwab é o chefe de uma conspiração da oligarquia global que visa a instalar um novo mundo de controle no qual todos serão escravizados. Que ideia maluca.

 

Teria sido um artigo de alguma relevância: ahh, teóricos da conspiração! Vejam isso: um faraó do Mal que vem aqui na Itália para se encontrar com o seu bravíssimo premier! Só pode ser o Espectro [personagem da Comics D.C.; n.d.t.]! Bola pra frente; virem pessoas sérias; cresçam!

 

Em vez disso, nada.

 

Nem mesmo meio editorialzinho em destaque no jornal do ex-genro do finado Rodotà, o apresentador de TV Gramellino. Seria uma baita ocasião para tirar sarro da cara dos no-vax e, quem sabe, apresentar ao mundo um homem que seguramente tem muitos méritos, pois de outro modo não teria chegado onde chegou.

 

Nada. Nulla. Zero. Zilch. Silêncio da mídia.

 

Esse silêncio é algo que já tínhamos visto. Por exemplo quando Gentiloni, há pouco e por pouco premier, encontrou-se sem muito alarde com George Soros em Roma, no auge da tradicional onda de boteiros provindos do Continente negro – os mesmos “ajudados” pelas ONGS financiadas pela Open Society Foundation do homem de finanças bilionário (o único no mundo com a sua própria política externa; estamos falando dele).

 

Na época, mesmo sob o silêncio dos grandes jornais, vieram à frente, após o fato, um bocado de políticos de oposição. Meloni. Grillo. Calderoli. Todos fazendo a mesma perguntinha: o que Gentiloni tinha ido fazer com Soros? O que eles falaram entre si?

 

Agora todos eles desapareceram. Ninguém quer, de verdade, saber – por que não com uma bela carta parlamentar interrogativa? – o que o Presidente do Conselho teria para falar com um teórico da redefinição do mundo e da própria natureza humana. Porque, além da indústria, da economia, da sociedade, Schwab invocou abertamente a fusão homem-máquina, as interfaces neurais e a possibilidade de escanear os pensamentos das pessoas enquanto elas passam pelos aeroportos, uma «fusão da nossa identidade física, digital e biológica».

 

Tudo isso é verdade.

 

Depois, para a imprensa italiana, o teórico do Grande Reset não é Schwab. É Viganò. Sim, para o jornal do filhinho do Mentana, para o Dagospia e só Deus sabe para quantos outros, deve-se falar em «Monsenhor Carlo Maria Viganò, o teórico do “grande reset”»! Desse jeito. Ipsis litteris.

 

Isto é, o Grande Reset, que eles obviamente colocam entre aspas, não foi teorizado por Schwab, que até mesmo escreveu um livro sobre o assunto – não se sabe porque ele ainda não foi publicado na Itália – intitulado COVID-19: The Great Reset, do qual ninguém, ao que parece, nunca ouviu falar. Ignorância, má-fé, desleixo: não sabemos como definir isso. Mas é assim: o Grande Reset foi teorizado pelo arcebispo, e não pelo personagem que, sob o silêncio deles próprios, acabou de se encontrar com o primeiro Ministro da República Italiana.

Parece mais um vilão do James Bond. É um personagem de livro de romance, televisivo, de ficção

 

Eu me pergunto: nem mesmo uma vinheta? Em suma: parece mais um vilão do James Bond. É um personagem de livro de romance, televisivo, de ficção. Alguém, após tê-lo visto vestido em um indumento com o qual certa vez apresentou-se em público chegou a falar em Star Trek. (Nós odiamos Star Trek).

 

 

Semana passada, o «Schwaboo» arrumou algo para fazer. Em Dubai, o elitista careca anunciou a criação de uma iniciativa chamada Great Narrative. A Grande Narrativa.

Cada narração é uma edição, uma montagem. Para dar um sentido às histórias, omitem-se detalhes, perspectivas e personagens que poderiam levar a um lugar indesejado

 

O que seria a Grande Narrativa? É «um esforço colaborativo entre os principais pensadores do mundo para modelar prospectivas a longo prazo e co-criar uma narrativa que pode ajudar a guiar a criação de uma visão mais resiliente, inclusiva e sustentável para o nosso futuro coletivo», diz o site do World Economic Forum de Davos. «Os melhores pensadores provenientes de uma variedade de áreas geográficas e do conhecimento, inclusos futurólogos, cientistas e filósofos, contribuirão com novas ideias para o futuro. As suas reflexões serão compartilhadas em um livro, The Great Narrative, cuja publicação está prevista para janeiro de 2022».

 

«Estamos aqui para desenvolver a Grande Narrativa, uma história para o futuro», anunciou Schwab em Dubai na quinta-feira passada, junto ao ministro dos Assuntos de Gabinete dos Emirados Árabes Unidos, Mohammad Abdullah Al-Gergawi.

 

«Para modelar o futuro, primeiro você tem que imaginá-lo, tem que projetá-lo, e depois construí-lo». Trata-se de uma retórica que está entre a publicidade de um tênis de corrida e um delírio tirânico.

 

«Acho que nos próximos dois dias, aqui, vamos analisar como imaginaremos, projetaremos e como concretizaremos a Grande Narrativa; como definiremos a história do nosso mundo para o futuro», declarou Schwab na rica (?) cidade capital dos influenciadores digitais no deserto arábico.

As suas vozes dissidentes estão apagadas, inaudíveis nas mídias ou na representação democrática. Os seus pensamentos, censurados pelas redes sociais. As suas manifestações estão proibidas – e reprimidas com uma força jamais antes vista.

 

Depois ele lamentou-se.

 

«As pessoas tornaram-se muito egocêntricas e, em uma certa medida, egoístas. Em uma situação desse tipo é muito difícil criar um acordo porque plasmar o futuro, projetar o futuro, geralmente requer uma vontade em comum entre as pessoas», declarou.

 

«O mundo tornou-se tão complexo. As soluções simples para problemas complexos não bastam mais».

 

«Hoje não há mais separação entre social, político, tecnológico, ecológico – tudo está emaranhado», acrescentou, dando a entender que o seu programa seria uma reprogramação integral da associação humana.

 

«Consideramos que seja muito importante trabalhar verdadeiramente juntos a nível global para nos assegurar da utilização do potencial da quarta revolução industrial em benefício da humanidade, porque a tecnologia também comporta algumas armadilhas e pode ser utilizada em detrimento da humanidade». Para quem não sabe, A Quarta revolução Industrial é o título de um outro livro dele (publicado também em português), no qual ele idealiza reformular para sempre o sistema produtivo planetário.

Quem irá permanecer parte dessa história, em vez disso, já foi editado de um modo diferente: foi editado geneticamente. Primeiro duas seringadas de mRNA, depois uma terceira, depois uma quarta e depois só Deus sabe: o referendo para a alteração do genoma humano foi vencido pelo lado do sim, mesmo se os eleitores nem mesmo se deram conta

 

O leitor consegue imaginar sozinho o que é essa tal Grande Narrativa (termo que, na realidade, esperávamos que tivesse sido desvelado de uma vez por todas na era do governo de Matteo Renzi).

 

Cada narração é uma edição, uma montagem. Para dar um sentido às histórias, omitem-se detalhes, perspectivas e personagens que poderiam levar a um lugar indesejado.

 

Vocês sabem muito bem o que já está acontecendo. As suas vozes dissidentes estão apagadas, inaudíveis nas mídias ou na representação democrática. Os seus pensamentos, censurados pelas redes sociais. As suas manifestações estão proibidas – e reprimidas com uma força jamais antes vista.

 

Já os estão editando para fora da história – dissemos-lhes muitas vezes: querem anular-nos; um segmento correspondente a um percentual de dois dígitos da sociedade deve ser sacrificado: é uma ideia que eles já aceitaram politicamente, economicamente, «humanamente».

Bebês editados geneticamente para serem perfeitamente adaptados à Grande Narrativa. Um livro para resetar a humanidade, e quem sabe recriá-la

 

Quem irá permanecer parte dessa história, em vez disso, já foi editado de um modo diferente: foi editado geneticamente. Primeiro duas seringadas de mRNA, depois uma terceira, depois uma quarta e depois só Deus sabe: o referendo para a alteração do genoma humano foi vencido pelo lado do sim, mesmo se os eleitores nem mesmo se deram conta.

 

Podem apostar o que quiserem: a próxima grande edição que lhes empurrarão goela abaixo é a edição dos seus filhos, dos seus netos, da geração que virá. As futuras crianças serão editadas geneticamente em provetas através da técnica CRISPR. Isso porque fazer filhos através da bioengenharia «será como vaciná-los».

 

Bebês editados geneticamente para serem perfeitamente adaptados à Grande Narrativa. Um livro para resetar a humanidade, e quem sabe recriá-la.

 

Bom, já lhes tínhamos advertido. No fim das contas será uma questão de livros.

Procuremos por nossos nomes no livro da vida, no livro do Cordeiro. Os outros que adorem a Besta

 

O livro do Apocalipse já nos ensinou, no capítulo 13, quando fala sobre a Besta.

 

«E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo», (Apocalipse 13, 8).

 

Procuremos por nossos nomes no livro da vida, no livro do Cordeiro. Os outros que adorem a Besta.

 

«E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo», (Apocalipse 20,15).

 

 

Roberto Dal Bosco

 

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin, cujas opiniões pessoais não coincidem necessariamente com aquelas expressadas neste artigo.

 

 

Articolo originale in italiano.

 

 

 

 

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The Lancet: «não se justifica estigmatizar os não vacinados»

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É surpreendente a posição tomada em um artigo publicado pela prestigiosa revista científica The Lancet: estigmatizar os não vacinados «não se justifica».

 

O autor do breve artigo é o doutor Günter Kampf da Universidade de Medicina de Greifswald, na Alemanha.

 

O doutor Kampf manifestou duras críticas contra uma expressão utilizada ad nauseam pelos nossos médicos, a assim-chamada «pandemia dos não vacinados», com a qual políticos e jornalistas martelaram a cabeça da população por semanas na tentativa de justificar, em toda a Europa, um novo e incredível endurecimento das restrições pandêmicas (o 2G na Alemanha e Áustria, o super green pass na Itália).

«É errado e perigoso falar em pandemia dos não vacinados»

 

«Nos EUA e na Alemanha, funcionários de alto escalão usaram o termo pandemia dos não vacinados, sugerindo que as pessoas que tinham sido vacinadas não eram relevantes na epidemiologia do COVID-19. O uso dessa frase por parte dos funcionários poderia ter encorajado um cientista a afirmar que “os não vacinados ameaçam os vacinados com o COVID-19”», escreveu Kampf.

 

Trata-se, disse o médico, de uma visão demasiado simplória.

 

«Há provas crescentes de que os indivíduos vacinados continuam a ter um papel relevante na transmissão», escreveu o médico alemão.

 

As estatísticas americanas testemunham essa afirmativa:

«Há provas crescentes de que os indivíduos vacinados continuam a ter um papel relevante na transmissão»

 

«Em Massachusetts, EUA, foi detectado um total de 469 novos casos de COVID-19 durante vários eventos em julho de 2021; 346 (74%) desses casos eram relativos a pessoas completamente vacinadas ou parcialmente vacinadas, das quais 274 (79%) apresentavam sintomas. Os limiares do ciclo eram similarmente baixos entre as pessoas completamente vacinadas (mediana 22,8) e as pessoas não vacinadas, não completamente vacinadas ou cujo status de vacinação era desconhecido (mediana 21,5), o que indica a presença de uma elevada carga viral também entre as pessoas completamente vacinadas. Nos EUA, em 30 de abril de 2021, foi reportado um total de 10.262 casos de COVID-19 em pessoas vacinadas, das quais 2.725 (26,6%) eram assintomáticas, 995 (9,7%) tinham-se recuperado e 160 (1,6%) falecido».

 

Além disso, temos também as estatísticas da Alemanha:

 

«Na Alemanha, 55,4% dos casos sintomáticos de COVID-19 em pacientes de idade igual ou superior a 60 anos era relativo a indivíduos completamente vacinados, e esse percentual aumenta a cada semana. Em Münster (…) foram reportados novos casos de COVID-19 em pelo menos 85 (22%) das 380 pessoas que estavam completamente vacinadas ou que se tinham recuperado do COVID-19 e que frequentavam uma discoteca».

 

Portanto, «as pessoas vacinadas têm um risco inferior de contrair a forma grave da doença, mas permanecem sendo uma parte relevante da pandemia». 

 

Incontestavelmente; não podia ser diferente. Ponto.

 

Por isso, disse o doutor Kampf, é «errado e perigoso falar em pandemia dos não vacinados».

«Convido os funcionários e cientistas de alto escalão a pararem a estigmatização inapropriada das pessoas não vacinadas, inclusos os nossos pacientes, colegas e outros concidadãos, e a fazerem um esforço maior para reunir a sociedade»

 

Mesmo porque, como é usual dizer, quem não conhece a história está destinado a repeti-la: «historicamente, sejam os EUA que a Alemanha causaram experiências negativas ao estigmatizar parte da população em razão da cor de pele ou da religião».

 

«Convido os funcionários e cientistas de alto escalão a pararem a estigmatização inapropriada das pessoas não vacinadas, inclusos os nossos pacientes, colegas e outros concidadãos, e a fazerem um esforço maior para reunir a sociedade».

 

Kampf conclui o breve mas incisivo artigo com a declaração de conflito de interesse: ele não tem nenhuma.

 

Quantos médicos que vão às nossas redes de televisão podem dizer o mesmo?

 

 

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin, cujas opiniões pessoais não coincidem necessariamente com aquelas expressadas neste artigo.

 

 

Articolo originale in italiano.

 

 

 

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