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A crueldade das novas leis raciais

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O enésimo decreto de lei liberticida para afrontar uma emergência ilegal foi publicado às escuras na Gazzetta Ufficiale: é a enésima explosão de surrealidade lógica e jurídica que nos foi fabricada, sem tréguas, no premiado laboratório da autocracia.

 

Para além do abuso conclamado, já canônico neste momento, da decretação de urgência combinada ao voto de confiança – mecanismo eversivo com o qual o executivo uno e trino está impondo aos súditos toda sorte de aberrações sem quaisquer tipos de filtros parlamentares – afirmou-se no costume uma outra prática tanto absurda quanto, evidentemente, profícua: a difusão de esboços que antecipam textos normativos fantasiosos e futuríveis. De modo que todos – jornalistinhas vendidos, vendedores de frutas, blogueiros, pensadores e biscates – possam arremessar-se sobre eles (os quais são tempestivamente materializados na forma de espelhinhos coloridos, em benefício dos analfabetos) como cães em direção ao osso e comentar a respeito na própria linguagem habitual, modo a fornecer insights verdadeiros, como se diz, «vindos de baixo», ao prolífico demiurgo estatal: aquele que quer o bem da nossa alma e que se fatiga dia e noite nos corredores do poder em prol da nossa saúde e da nossa prosperidade.

 

O brainstorming difundido segue adiante até que, em um certo ponto, tirado o pulso e captado o humor, de repente, um novo pacote chega através da Gazzetta Ufficiale. Sempre à noite. E, sempre, após o ajustamento da carga em relação ao rascunho explorativo.

 

Resumidamente, o povo, de soberano, assim como está escrito que deveria ser, passa a ser um consulente gratuito e com carteira assinada do tirano na fase legislativa. Consulente contra si próprio, entenda-se, já que os insights que ele oferta servem para o tirano fazer inferências melhores, e mais numerosas.

 

O procedimento inovativo da fabricação de normas prevê também o simpático efeito colateral da superlotação de decretos em fila para a (falsa) conversão em lei: esses, de fato, acumulam-se, desordenam-se, conflitam entre si em uma babel de disposições – expressas, implícitas, adiadas, trazidas novamente à discussão – que investem a própria matéria da contenda. Tudo isso sob o sinal da incerteza jurídica, outro princípio guia fundamental do ordenamento invertido.

 

São muitas as artimanhas descaradamente inconstitucionais por parte do regime nada democrático que molda as nossas vidas e decide os nossos destinos: acrobacias nunca antes vistas, miseráveis, sádicas e, do jeitinho delas, geniais, perfeitamente inscritas no novo livro litúrgico (não se renuncia aos ritos) do manicômio a céu aberto que leva o nome ITÁLIA como razão social, cunha moedas estrangeiras e agita abusivamente a bandeira tricolor. É a mesma terra mágica cujos lugares mais encantadores já foram ofertados em liquidação aos magnatas filantropos produtores e promotores de venenos. É, como se diz, um círculo virtuoso.

Querem pegar todos, sobretudo os nossos filhos, e tirar-lhes as rédeas de suas vidas para substituí-las por uma imitação mais do que apenas desbotada, mas obscenamente desnaturada.

Mas, além de qualquer outro abuso em curso, o que está revelando ao poder o rosto perverso do poder sem contrastes é a violência com a qual o manipulador de marionetes corrompidas, dotadas de autoridade falsa e cassetetes verdadeiros, lança-se sobre as crianças e sobre os jovens, manifestando o significado de um programa que vai muito além da criminalidade.

 

Ou melhor, ele opera em um outro plano, impermeável às categorias do direito moldadas pelo uso humano no tempo já distante da civilização: aquelas categorias destinadas, isto é, pela sua natureza, a criaturas feitas de carne e osso, de espírito e de razão, vocacionadas à vida, à convivência social e à edificação pessoal e coletiva.

 

A lógica intrínseca, a razoabilidade que por definição vivifica as malhas da Lei não pertence mais às leis, as quais se tornaram gritos demenciais e desarticulados, vomitados a jorros no circo dos lacaios e das subcelebridades que ora se dedicam à política.

 

Querem pegar todos, sobretudo os nossos filhos, e tirar-lhes as rédeas de suas vidas para substituí-las por uma imitação mais do que apenas desbotada, mas obscenamente desnaturada, em troca de um carimbo vacinal perecível.

Querem assenhorar-se da alma e do corpo desses filhos e torna-los autômatos invertebrados que se movem em assentos pilotáveis à distância através dos botões de um controle remoto viciado.

 

Querem assenhorar-se da alma e do corpo desses filhos e torna-los autômatos invertebrados que se movem em assentos pilotáveis à distância através dos botões de um controle remoto viciado. Cobaias, presas, brinquedinhos para serem testados, manipulados, desmontados, programados, atualizados, hackeados e, no final, quebrados e jogados fora, na orgia tecnológica que visa a subverter quaisquer resíduos de humanidade para venerar somente o estratagema e a morte.

 

Ninguém, em suma, deve escapar da morsa da maluquice escandida, dia após dia, a som de divagações de urgência, em emissões sempre favorecidas pela escuridão e também nos feriados mais belos. Sobretudo nos feriados mais belos: na véspera de Natal, do Ano Novo, da Epifania do menino Jesus. Um regozijo blasfemo acompanha as surtidas dos orcos – nunca subestimem os símbolos e os seus usos sarcásticos.

 

Os orcos dentro de outfits formais alternam entre força bruta e chantagens infames para conquistar a condescendência das vítimas. Obtém delas uma obediência artificial e, em boa parte, inconsciente que, como efeito colateral difuso, gera doença, alienação, laceração e dor. Muita dor: nos indivíduos, nas famílias, nas comunidades de intentos e valores.

 

Lançamentos de redes periódicos asseguram ao viveiro novos abastecimentos de carne fresca. Há tempo funciona, à la baixo contínuo, a intimidação psicológica, indefesa e incumbente.

 

É desde o início do ano que nas escolas de todos os graus e ordens promove-se a separação entre bons e maus – civilizados e incivilizados – segundo o critério sanitário único que suplantou todos os outros, tudo isso com o aval das normas europeias acerca do sigilo de dados pessoais com os quais, por anos, atordoaram-nos. E também com o aval dos ritornelos obtusos sobre a inclusão e sobre o acolhimento e dos jogos de prestígio sobre a beleza da igualdade em alternância com a beleza da diversidade.

O apartheid está liberado, mais além, é incentivado pela pletora de protocolos ministeriais que podem pôr de escanteio as fontes pregressas, supraordenadas, prevendo impunemente disciplinas diferentes para os alunos carimbados (que devem ser premiados) e aqueles não-carimbados (que devem ser punidos).

 

O apartheid está liberado, mais além, é incentivado pela pletora de protocolos ministeriais que podem pôr de escanteio as fontes pregressas, supraordenadas, prevendo impunemente disciplinas diferentes para os alunos carimbados (que devem ser premiados) e aqueles não-carimbados (que devem ser punidos).

 

Os pressupostos sobre os quais se baseia a disparidade de tratamento entre os dois grupos são totalmente espúrios, arbitrários, ridículos: o objetivo é simplesmente expor os párias à humilhação, com o fim de aprofundar cada vez mais a segregação. Exatamente como é conveniente a um ambiente que se diz educativo e habituado a celebrar compulsivamente o Dia Internacional da Memória, somente para recordar.

 

Mas o espólio nunca basta para o Moloch esfomeado.

 

Ele quer aglutinar os sobreviventes desobedientes e, assim, golpeia os transportes (trens, ônibus, transportadoras), o esporte (campos de jogo, estádios, sociedades esportivas, competições), a música (conservatórios, escolas de música, shows), a cultura (universidades, museus, bibliotecas, teatros), o lazer (cinema, estabelecimentos, pontos de encontro), as viagens, etc. Mais nada deve estar acessível aos jovens que não têm o carimbo do Estado, condenados sem processo à morte civil.

 

A crueldade subjacente às novas leis raciais, de fato, vai muito além da exclusão física dos espaços que se tornaram inacessíveis: afetam as amizades de toda uma vida, as companhias e os amores, os sacrifícios feitos durante anos de estudo ou de treinamento ou de crescimento pessoal; obriga as suas vítimas a escolherem entre ceder o próprio corpo à experimentação repetitiva, por um tempo indefinido e com um risco que é seguramente maior do que o benefício, e prosseguir na rota que fora traçada, e preservar aquelas amizades, aqueles amores e aquelas companhias, e sobreviver, apesar de tudo, em uma sociedade que, é bem sabido, está doente terminal.

A crueldade subjacente às novas leis raciais, de fato, vai muito além da exclusão física dos espaços que se tornaram inacessíveis: afetam as amizades de toda uma vida, as companhias e os amores, os sacrifícios feitos durante anos de estudo ou de treinamento ou de crescimento pessoal; obriga as suas vítimas a escolherem entre ceder o próprio corpo à experimentação repetitiva, por um tempo indefinido e com um risco que é seguramente maior do que o benefício, e prosseguir na rota que fora traçada.

 

O supremo garantidor da Constituição, no entanto, prepara-se para entregar ao seu sucessor um País o qual afirma estar «unido». Unido, isto sim, na obediência, mais ou menos cega, mais ou menos padecida, a um sistema monstruoso.

 

Na verdade, ele entrega o País ferido e cheio de pragas, mas, ainda, não derrotado. Os santos e os heróis que nutrem por osmose uma Itália melhor infundirão na melhor Itália a força para resistir ao mal. Com a honra e o orgulho próprios de quem, livre na virtude da verdadeira liberdade, não tem a intenção de assinar embaixo da mentira.

 

Seja bendito o povo que, detentor da semente da vida, manterá em vida o homem feito a imagem e semelhança de Deus, agarrando-se tenazmente a madeira da Sua Cruz.

 

 

Elisabetta Frezza

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin

 

Articolo originale pubblicato in italiano

 

 

Artigo publicado anteriormente em Ricognizioni

 

 

Imagem de vixklen via Deviantart publicada sob licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported (CC BY-NC-ND 3.0)

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Akita, a Nossa Senhora da chuva de fogo

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Não é errado, neste momento histórico, recordar-se da última aparição mariana reconhecida pelo Vaticano: Nossa Senhora de Akita.

 

Akita é no Japão. A Virgem Maria apareceu ali meio século atrás. A mensagem que ela deu à Freira Agnese Sasagawa foi chocante. Ela falou de uma destruição em massa, de castigos horríveis: ela falou do castigo Divino.

 

Mais ainda: ela falou de uma «chuva de fogo» que chegaria dos céus e devastaria a humanidade. Neste momento é impossível não pensar nisso: qualquer um é capaz de reconhecer que estamos vivendo o momento mais perigoso da história humana, com a devastação dos mísseis termonucleares mais perto do que nunca.

 

Mas tornemos a Freira Agnese e à aparição de Nossa Senhora.

 

Katsuko Sasagawa nasceu em 1931 em Niigata, cidade de Honshu, a principal ilha do arquipélago japonês. Do outro lado do mar, em relação a Niigata, na parte continental, está Vladivostok.

 

Katsuko foi uma pessoa doente desde jovem. Quando ela não tinha nem vinte anos, passou por uma apendicectomia que a deixou paralisada. Os médicos fizeram alguma coisa errada no processo de anestesia. A cura dessa paralisia fez com que a moça tivesse que passar por inúmeras outras operações, o que causou, seja para ela própria que para a sua família, graves sofrimentos nos anos sucessivos. 

 

Foi nesse período que Katsuko teve contato com uma enfermeira católica (naqueles tempos, também no Japão, havia freiras nos hospitais…) que a introduziu à palavra de Cristo. Katsuko falou com um monge budista, depois se converteu e recebeu o nome de Agnese.

 

Todavia, a moça continuava sofrendo. Em 1956, ela entrou em coma. Algumas freiras que tinham vindo de Nagasaki – a cidade mais católica do Japão… – umedeceram os seus lábios com um pouco de água de Lourdes. Agnese retomou subitamente a consciência.

 

O seu empenho pela comunidade católica foi grande: começou a atuar como catequista na igreja de Myoko, uma cidade ali do lado.

 

Em 1972 Agnese perdeu a audição. A família qui-la de volta em casa, mas ela tomou a decisão de entrar nas Servas da Eucaristia em Yuzawada, uma ordem de freiras contemplativas em um instituto perto da cidade de Akita, que era dirigido pelo Monsenhor Jean Shojiro Itō, o bispo de Niigata que futuramente tornar-se-ia parte integrante da revelação mariana.

 

  Às 8:30 do dia 12 de junho de 1973, Irmã Agnese abriu o tabernáculo da capela onde deveria ocorrer a adoração eucarística. Ela foi investida por uma luz potente. Prostrou-se à terra: ela sabia que poderia se tratar de um evento sobrenatural, mas se perguntou se não fosse apenas uma alucinação.

 

Em 5 de julho, enquanto fazia as orações da noite, sentiu abrir-se, na mão direita, uma ferida em forma de cruz, longa 3cm e larga 2. Ela pensou que fosse um arranhão, mesmo sentindo que a carne estava sendo cortada bastante em profundidade, como se estivesse sendo perfurada.

 

Naquela noite, às 3:00 horas, Agnese escutou uma voz:

 

«Não temas! Não rezes apenas pelos teus pecados, mas também pela reparação dos pecados de todos os seres humanos (…) O mundo atual fere o Santíssimo Coração de Nosso Senhor com a sua ingratidão e as suas injúrias. A ferida de Maria é muito mais profunda do que a tua».

 

Agnese foi guiada à capela, onde a voz, quando perguntada, respondeu-lhe: «Sou quem está ao teu lado e te vigia». Era o seu anjo da guarda.

 

Eis que uma outra voz irrompe na capela:

 

Minha fila, minha noviça, tu obedeceste-me bem abandonando tudo para me seguir. É dolorosa a enfermidade nas tuas orelhas? A tua surdez vai sarar, está certa disso. A ferida na tua mão faz-te sofrer? Reza pela reparação dos pecados dos homens. Cada pessoa desta comunidade é uma minha filha insubstituível. Recitais bem a oração das Servas da Eucaristia? Então recitemo-la juntas:

 

Sacratíssimo Coração de Jesus, realmente presente na Santa Eucaristia, eu consagro o meu corpo e a minha alma para serem inteiramente unidos com o Teu Coração que é sacrificado a cada instante em todos os altares do mundo, dando louvor ao Pai e invocando a vinda do Seu Reino.

 

Peço-te, recebe a humilde oferta de mim mesma. Usa-me como desejas para a glória do Pai e para a salvação das almas.

 

Santíssima Mãe de Deus, não deixes que eu me separe do teu Divino Filho.

 

Peço-te, defende-me e protege-me como tua filha particular.

 

Amém.

 

Enfim, a Virgem Maria acrescentou:

 

Ora muito pelo Papa, os bispos e os padres. Desde o momento do teu batismo sempre oraste por eles com fé.

 

Continua a orar muito, muitíssimo.

 

Conta ao teu superior tudo o que aconteceu hoje e obedeça-lhe em tudo o que ele te dirá.

 

Ele pediu que ela orasse com fervor.

 

Logo, Freira Agnese ora. Diante dela estava a estátua da Virgem da capela, uma cópia da Virgem de Amsterdã – Nossa Senhora de todos os povos – esculpida pelo artista budista Saburo Wakasa, membro do instituto japonês de escultura.

 

Por volta das cinco da manhã a voz desapareceu e outras freiras entraram na capela. Irmã Agnese pediu à Irmã K. que olhasse a mão da estátua: ela não tinha ousado fazê-lo no decorrer de todo aquele tempo, não tivera a coragem. Quando Irmã K. aproximou-se para examinar a estátua, prostrou-se ao chão. Não mãos da estátua havia a mesma ferida que tinha aparecido na palma de Freira Agnese.

 

Em 12 julho, durante as orações das freiras, o sangue recomeçou a escorrer da mão da efígie: a este ponto, a história já era incontível, tinha-se difundido muito além do convento. Duas semanas mais tarde chegou o bispo de Niigata, Jean Shojiro, que constatou os eventos.

 

Em 28 de julho, a ferida de Irmã Agnese começou a doer de maneira insuportável. A religiosa correu em direção à capela e prostrou-se ao chão.

 

No momento de maior padecimento, eis que surge a voz:

 

«O teu sofrimento terminará hoje. Conserva preciosamente a recordação do sangue de Maria, grava-o bem no teu coração; este sangue derramado tem um significado profundo (…) para a conversão de todos os pecadores».

 

Imediatamente, a ferida desapareceu, sarou.

 

No dia 3 de agosto, a Freira Agnese recebeu uma outra mensagem:

 

Minha filha, minha noviça, amas o Senhor? Se amas o Senhor escuta o que eu tenho para te dizer. É muito importante. Reportá-lo-ás ao teu superior.

 

Muitos homens neste mundo causam sofrimento ao Senhor. Eu desejo almas que O consolem para aplacar a cólera do Pai Celeste. Desejo, junto ao Meu Filho, almas que deverão reparar, por meio de seus sofrimentos e sua pobreza, as ofensas dos pecadores e dos ingratos.

 

Para que o mundo possa conhecer a Sua ira, o Pai Celeste está planejando infligir um grande castigo sobre toda a humanidade.

 

Junto ao Meu Filho, intervi muitas vezes para aplacar a ira do Pai. Impedi a vinda de calamidades oferecendo-Lhe os sofrimentos do Meu Filho na cruz, o Seu precioso sangue e as almas prediletas que O consolam, formando um grupo de almas vítimas. Oração, penitência e sacrifícios corajosos podem atenuar a cólera do Pai. Eu desejo isso também da tua comunidade… que ela ame a pobreza, que se santifique e reze em reparação pela ingratidão e as ofensas de tantos homens.

 

Recitai a oração das Servas da Eucaristia conscientes do seu significado. Colocai-a em prática; oferecei em reparação pelos pecados tudo aquilo que Deus pode mandar. Faça de um jeito que todos se esforcem, de acordo com as capacidades e as posições, para oferecerem-se inteiramente ao Senhor.

 

Mesmo em um instituto secular a oração é necessária. Já as almas que querem rezar, elas estão para serem reunidas. Sem dar muita importância à forma, permanecei fiéis e fervorosos na oração para consolar o Maestro.

 

O que pensas no teu coração é verdadeiro? Estás sinceramente decidida a tornar-te pedra descartada? Minha noviça, tu que desejas pertencer sem reservas ao Senhor para tornar-te a digna esposa do Esposo, faze os teus votos sabendo que deves ser afixada à cruz com três pregos. Esses três pregos são: pobreza, castidade e obediência. Dos três, a obediência é fundamental. Em total abandono, faze-te guiar pelo teu superior. Ele saberá como entender-te e encaminhar-te. 

 

Marya-sama, como os japoneses chamam a Virgem Maria, nesta mensagem anunciou a chegada do castigo. Ao mesmo tempo, declarou a importância da obediência à hierarquia eclesiástica.

 

Em 13 de outubro, Irmã Agnese recebeu a terceira mensagem, a mais tremenda.

 

Enquanto rezava, de repente ela percebeu de novo aquela luz e um perfume suave que provinha da estátua.

 

Minha cara filha, escuta bem o que tenho para te dizer. Comunicá-lo-ás ao teu superior.

 

Como te disse, se os homens não se arrependerem e não melhorarem si próprios, o Pai infligirá um terrível castigo sobre toda a humanidade. Será um castigo maior do que o Dilúvio, de proporções nunca antes vistas.

 

O fogo cairá do céu e levará embora uma grande parte da humanidade, os bons assim como os maus, sem poupar nem padres nem fiéis.

 

Os sobreviventes encontrar-se-ão de tal modo aflitos, que terão inveja dos mortos.

 

As únicas armas que vos restarão são o Rosário e o Sinal deixado pelo Meu Filho. Recitai todos os dias as orações do Rosário. Com o Rosário, orai pelo Papa, pelos bispos e pelos padres.

 

A obra do diabo infiltrar-se-á na Igreja de tal modo que ver-se-ão cardeais oporem-se a outros cardeais, bispos contra bispos.

 

Os sacerdotes que me veneram serão desprezados e obstaculizados pelos seus confrades… igrejas e altares saqueados; a Igreja estará cheia daqueles que aceitam compromissos e o Demônio estimulará muitos sacerdotes e almas consagradas a deixarem o serviço do Senhor.

 

O Demônio será implacável especialmente contra as almas consagradas a Deus. A ideia da perda de tantas almas é a causa da minha tristeza. Se os pecados aumentarem em número e gravidade, não haverá perdão para eles.

 

Com coragem, fala com o teu superior. Ele saberá como encorajar cada uma de vós a orar e a realizar a vossa tarefa de reparação. É o bispo Itō que dirige a vossa comunidade.

 

Tens ainda algo para perguntar? Hoje será a última vez que falarei com ti em viva voz. Deste momento em diante obedecerás a quem te foi enviado e ao teu superior.

 

Reze muito a oração do Rosário. Somente eu ainda posso salvar-vos das calamidades que se aproximam.

 

Quem tiver confiança em mim será salvo.

 

Essas foram as últimas palavras que Nossa Senhor confiou à Irmã Agnese.

 

Porém, os eventos extraordinários de Akita não terminaram.

 

No dia 4 de janeiro de 1975, a freira sacristã deu-se conta de que a base da estátua da Virgem estava molhada: algumas lágrimas estavam gotejando de seus olhos. Um fenômeno ao qual o Bispo Itō assistiu.

 

A própria escultura, posteriormente, parece ter mudado suas feições: de repente perece ter assumindo uma expressão de tristeza, não notada antes de então.

 

Saburo Wakasa, o escultor budista, foi chamado: ele confirmou: não a tinha esculpido daquele modo. Sobretudo «as bochechas que eu tinha esculpido eram cavas, o rosto parece ter cedido, a sua cor tinha virado marrom escuro, a sua expressão mais penetrante».

 

As lágrimas, por sua vez, foram analisadas pelo professor Kaoru Sagisaka: eram de origem humana, do grupo 0. De 4 de janeiro a 15 de setembro de 1981, as lacrimações parecem ter cessado. Don Tasuya, o capelão, teria contado algo como 101 repetições do fenômeno. As testemunhas são cerca de 2000. Diz-se que uma TV japonesa teria filmado um desses eventos.

 

Monsenhor Itō foi a Roma duas vezes para perorar pela causa de Nossa Senhora de Akita. O cardeal Ratzinger permitiu-lhe anunciar a autenticidade da aparição: «esses fatos, estabelecidos depois de 11 anos de estudos, são incontestáveis (…) consequentemente autorizo a veneração de Nossa Senhora de Akita». Depois ter obtido o que era justo, o bispo Itō aposentou-se.

 

Em 1988, Ratzinger voltou a falar de Akita, declarando que os fenômenos entorno à Irmã Sasagawa e àquela capela eram dignos de serem acreditados pelos crentes.

 

Freira Agnese sarou da surdez em dois momentos, em 1974 e 1982, mas de 1981 em diante voltou a ter paralisia. Ela continuou a executar pequenos trabalhos para a comunidade com a ponta dos dedos e os dentes.

 

O mariólogo padre Réné Laurentin, que a conheceu e estudou o seu caso, escreveu que Freira Agnese «continua vivendo a sua vida cheia de sacrifícios, constrangida à cama, numa paz profunda».

 

A mensagem de Nossa Senhora de Akita é chocante. O bispo Itō, posteriormente, disse que acreditava que a terceira parte dela, com a sua carga de castigo e destruição, estivesse conectada à mensagem de Fátima.

 

 

Hi ga Ten kara kudari. O fogo virá do céu, a maior parte da humanidade será destruída, e nem os padres nem os fiéis serão poupados. Os sobreviventes invejarão os mortos.

 

Akuma ha, Kyōkai no naka made hairikomi. O demônio entrará na Igreja.

 

Cardinaru ha Cardinaru ni, Shikyō wa Shikyō ni tairetsu suru deshō. Cardeais voltar-se-ão contra outros cardeais, bispos contra bispos.

 

Akuma guiará muitos padres e religiosos para longe de Deus. Os padres que veneram a Virgem Maria serão desprezados e atacados. Igrejas e altares serão profanados.

 

Kyōkai ha, dakyō suru mono de ippai ni nari. A Igreja estará cheia de compromissos.

 

Vejam bem: a precisão da descrição dos assuntos eclesiásticos é total.

 

Mas também a dos assuntos do mundo: a chuva de fogo já está pronta nos céus, sabemo-lo – não houve nenhum momento da história no qual isso tenha sido mais verdadeiro, nem em Cuba, nem durante toda a Guerra Fria, nem nos milênios precedentes.

 

A chuva de fogo termonuclear está sobre nós: sobre a Itália, que abriga pelo menos 40 ogivas americanas e, portanto, tem só Deus sabe quantas outras miradas sobre ela pela Rússia.

 

Fomos nós que a chamamos, nós que a invocamos, a procuramos: talvez o grosso do trabalho tenha sido feito pelos nossos governantes, é verdade – mas, se, por um momento, deixássemos de lado o orgulho e olhássemos dentro de nós, saberíamos que ela chegará também pelos nossos pecados. Pelos pecados que cometemos. Pelos pecados que permitimos que fossem cometidos.

 

O que, de concreto, podemos fazer? Podemos somente prostrar-nos nós também diante de Marya-sama e implorar por misericórdia.

 

E obedecer às instruções da Irmã Agnese:

 

Mainichi, Rosaryo no inori wo tonaete kudasai.

 

Orem o Rosário todos os dias.

 

 

Roberto Dal Bosco 

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin, cujas opiniões pessoais não coincidem necessariamente com aquelas expressadas neste artigo.

 

 

Articolo originale in italiano.

 

 

Imagem de SICDAMNOME via Wikimedia publicada sob licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International (CC BY-SA 4.0); imagem modificada.

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Klaus Schwab encontra-se com Draghi. Eis a «Great Narrative» do Apocalipse e de suas Bestas

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A notícia foi reportada no site oficial do governo italiano com um título que poderia enganar os menos avisados: «O Presidente Draghi encontrou-se com o Presidente executivo do World Economic Forum».

 

Para os poucos leitores da Renovatio 21 que ainda não sabem, World Economic Forum significa Davos. E o presidente que se encontrou com o premier Draghi, portanto, não é ninguém menos do que Klaus Schwab – o máximo teorizador público do Grande Reset.

 

«O Presidente do Conselho, Mario Draghi, encontrou-se na tarde de hoje, no Palácio Chigi, com o Fundador e Presidente executivo do World Economic Forum (WEF), Klaus Schwab»

 

«O Presidente do Conselho, Mario Draghi, encontrou-se na tarde de hoje, no Palácio Chigi, com o Fundador e Presidente executivo do World Economic Forum (WEF), Klaus Schwab», escreveu o site governativo.

 

«A conversa foi focada no próximo Encontro Anual do WEF previsto para ocorrer em Davos em janeiro de 2022 e nos principais dossiers globais, tema também da Presidência italiana do G20, com particular referimento ao assunto da retomada econômica e social pós-pandêmica».

 

O encontro ganhou pouca visibilidade. Nenhum jornal, impresso, eletrônico ou televisivo, deu-lhe relevância – e isto enquanto uma parcela significativa da população está indiscutivelmente convencida de que Schwab é o chefe de uma conspiração da oligarquia global que visa a instalar um novo mundo de controle no qual todos serão escravizados. Que ideia maluca.

 

Teria sido um artigo de alguma relevância: ahh, teóricos da conspiração! Vejam isso: um faraó do Mal que vem aqui na Itália para se encontrar com o seu bravíssimo premier! Só pode ser o Espectro [personagem da Comics D.C.; n.d.t.]! Bola pra frente; virem pessoas sérias; cresçam!

 

Em vez disso, nada.

 

Nem mesmo meio editorialzinho em destaque no jornal do ex-genro do finado Rodotà, o apresentador de TV Gramellino. Seria uma baita ocasião para tirar sarro da cara dos no-vax e, quem sabe, apresentar ao mundo um homem que seguramente tem muitos méritos, pois de outro modo não teria chegado onde chegou.

 

Nada. Nulla. Zero. Zilch. Silêncio da mídia.

 

Esse silêncio é algo que já tínhamos visto. Por exemplo quando Gentiloni, há pouco e por pouco premier, encontrou-se sem muito alarde com George Soros em Roma, no auge da tradicional onda de boteiros provindos do Continente negro – os mesmos “ajudados” pelas ONGS financiadas pela Open Society Foundation do homem de finanças bilionário (o único no mundo com a sua própria política externa; estamos falando dele).

 

Na época, mesmo sob o silêncio dos grandes jornais, vieram à frente, após o fato, um bocado de políticos de oposição. Meloni. Grillo. Calderoli. Todos fazendo a mesma perguntinha: o que Gentiloni tinha ido fazer com Soros? O que eles falaram entre si?

 

Agora todos eles desapareceram. Ninguém quer, de verdade, saber – por que não com uma bela carta parlamentar interrogativa? – o que o Presidente do Conselho teria para falar com um teórico da redefinição do mundo e da própria natureza humana. Porque, além da indústria, da economia, da sociedade, Schwab invocou abertamente a fusão homem-máquina, as interfaces neurais e a possibilidade de escanear os pensamentos das pessoas enquanto elas passam pelos aeroportos, uma «fusão da nossa identidade física, digital e biológica».

 

Tudo isso é verdade.

 

Depois, para a imprensa italiana, o teórico do Grande Reset não é Schwab. É Viganò. Sim, para o jornal do filhinho do Mentana, para o Dagospia e só Deus sabe para quantos outros, deve-se falar em «Monsenhor Carlo Maria Viganò, o teórico do “grande reset”»! Desse jeito. Ipsis litteris.

 

Isto é, o Grande Reset, que eles obviamente colocam entre aspas, não foi teorizado por Schwab, que até mesmo escreveu um livro sobre o assunto – não se sabe porque ele ainda não foi publicado na Itália – intitulado COVID-19: The Great Reset, do qual ninguém, ao que parece, nunca ouviu falar. Ignorância, má-fé, desleixo: não sabemos como definir isso. Mas é assim: o Grande Reset foi teorizado pelo arcebispo, e não pelo personagem que, sob o silêncio deles próprios, acabou de se encontrar com o primeiro Ministro da República Italiana.

Parece mais um vilão do James Bond. É um personagem de livro de romance, televisivo, de ficção

 

Eu me pergunto: nem mesmo uma vinheta? Em suma: parece mais um vilão do James Bond. É um personagem de livro de romance, televisivo, de ficção. Alguém, após tê-lo visto vestido em um indumento com o qual certa vez apresentou-se em público chegou a falar em Star Trek. (Nós odiamos Star Trek).

 

 

Semana passada, o «Schwaboo» arrumou algo para fazer. Em Dubai, o elitista careca anunciou a criação de uma iniciativa chamada Great Narrative. A Grande Narrativa.

Cada narração é uma edição, uma montagem. Para dar um sentido às histórias, omitem-se detalhes, perspectivas e personagens que poderiam levar a um lugar indesejado

 

O que seria a Grande Narrativa? É «um esforço colaborativo entre os principais pensadores do mundo para modelar prospectivas a longo prazo e co-criar uma narrativa que pode ajudar a guiar a criação de uma visão mais resiliente, inclusiva e sustentável para o nosso futuro coletivo», diz o site do World Economic Forum de Davos. «Os melhores pensadores provenientes de uma variedade de áreas geográficas e do conhecimento, inclusos futurólogos, cientistas e filósofos, contribuirão com novas ideias para o futuro. As suas reflexões serão compartilhadas em um livro, The Great Narrative, cuja publicação está prevista para janeiro de 2022».

 

«Estamos aqui para desenvolver a Grande Narrativa, uma história para o futuro», anunciou Schwab em Dubai na quinta-feira passada, junto ao ministro dos Assuntos de Gabinete dos Emirados Árabes Unidos, Mohammad Abdullah Al-Gergawi.

 

«Para modelar o futuro, primeiro você tem que imaginá-lo, tem que projetá-lo, e depois construí-lo». Trata-se de uma retórica que está entre a publicidade de um tênis de corrida e um delírio tirânico.

 

«Acho que nos próximos dois dias, aqui, vamos analisar como imaginaremos, projetaremos e como concretizaremos a Grande Narrativa; como definiremos a história do nosso mundo para o futuro», declarou Schwab na rica (?) cidade capital dos influenciadores digitais no deserto arábico.

As suas vozes dissidentes estão apagadas, inaudíveis nas mídias ou na representação democrática. Os seus pensamentos, censurados pelas redes sociais. As suas manifestações estão proibidas – e reprimidas com uma força jamais antes vista.

 

Depois ele lamentou-se.

 

«As pessoas tornaram-se muito egocêntricas e, em uma certa medida, egoístas. Em uma situação desse tipo é muito difícil criar um acordo porque plasmar o futuro, projetar o futuro, geralmente requer uma vontade em comum entre as pessoas», declarou.

 

«O mundo tornou-se tão complexo. As soluções simples para problemas complexos não bastam mais».

 

«Hoje não há mais separação entre social, político, tecnológico, ecológico – tudo está emaranhado», acrescentou, dando a entender que o seu programa seria uma reprogramação integral da associação humana.

 

«Consideramos que seja muito importante trabalhar verdadeiramente juntos a nível global para nos assegurar da utilização do potencial da quarta revolução industrial em benefício da humanidade, porque a tecnologia também comporta algumas armadilhas e pode ser utilizada em detrimento da humanidade». Para quem não sabe, A Quarta revolução Industrial é o título de um outro livro dele (publicado também em português), no qual ele idealiza reformular para sempre o sistema produtivo planetário.

Quem irá permanecer parte dessa história, em vez disso, já foi editado de um modo diferente: foi editado geneticamente. Primeiro duas seringadas de mRNA, depois uma terceira, depois uma quarta e depois só Deus sabe: o referendo para a alteração do genoma humano foi vencido pelo lado do sim, mesmo se os eleitores nem mesmo se deram conta

 

O leitor consegue imaginar sozinho o que é essa tal Grande Narrativa (termo que, na realidade, esperávamos que tivesse sido desvelado de uma vez por todas na era do governo de Matteo Renzi).

 

Cada narração é uma edição, uma montagem. Para dar um sentido às histórias, omitem-se detalhes, perspectivas e personagens que poderiam levar a um lugar indesejado.

 

Vocês sabem muito bem o que já está acontecendo. As suas vozes dissidentes estão apagadas, inaudíveis nas mídias ou na representação democrática. Os seus pensamentos, censurados pelas redes sociais. As suas manifestações estão proibidas – e reprimidas com uma força jamais antes vista.

 

Já os estão editando para fora da história – dissemos-lhes muitas vezes: querem anular-nos; um segmento correspondente a um percentual de dois dígitos da sociedade deve ser sacrificado: é uma ideia que eles já aceitaram politicamente, economicamente, «humanamente».

Bebês editados geneticamente para serem perfeitamente adaptados à Grande Narrativa. Um livro para resetar a humanidade, e quem sabe recriá-la

 

Quem irá permanecer parte dessa história, em vez disso, já foi editado de um modo diferente: foi editado geneticamente. Primeiro duas seringadas de mRNA, depois uma terceira, depois uma quarta e depois só Deus sabe: o referendo para a alteração do genoma humano foi vencido pelo lado do sim, mesmo se os eleitores nem mesmo se deram conta.

 

Podem apostar o que quiserem: a próxima grande edição que lhes empurrarão goela abaixo é a edição dos seus filhos, dos seus netos, da geração que virá. As futuras crianças serão editadas geneticamente em provetas através da técnica CRISPR. Isso porque fazer filhos através da bioengenharia «será como vaciná-los».

 

Bebês editados geneticamente para serem perfeitamente adaptados à Grande Narrativa. Um livro para resetar a humanidade, e quem sabe recriá-la.

 

Bom, já lhes tínhamos advertido. No fim das contas será uma questão de livros.

Procuremos por nossos nomes no livro da vida, no livro do Cordeiro. Os outros que adorem a Besta

 

O livro do Apocalipse já nos ensinou, no capítulo 13, quando fala sobre a Besta.

 

«E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo», (Apocalipse 13, 8).

 

Procuremos por nossos nomes no livro da vida, no livro do Cordeiro. Os outros que adorem a Besta.

 

«E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo», (Apocalipse 20,15).

 

 

Roberto Dal Bosco

 

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin, cujas opiniões pessoais não coincidem necessariamente com aquelas expressadas neste artigo.

 

 

Articolo originale in italiano.

 

 

 

 

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The Lancet: «não se justifica estigmatizar os não vacinados»

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É surpreendente a posição tomada em um artigo publicado pela prestigiosa revista científica The Lancet: estigmatizar os não vacinados «não se justifica».

 

O autor do breve artigo é o doutor Günter Kampf da Universidade de Medicina de Greifswald, na Alemanha.

 

O doutor Kampf manifestou duras críticas contra uma expressão utilizada ad nauseam pelos nossos médicos, a assim-chamada «pandemia dos não vacinados», com a qual políticos e jornalistas martelaram a cabeça da população por semanas na tentativa de justificar, em toda a Europa, um novo e incredível endurecimento das restrições pandêmicas (o 2G na Alemanha e Áustria, o super green pass na Itália).

«É errado e perigoso falar em pandemia dos não vacinados»

 

«Nos EUA e na Alemanha, funcionários de alto escalão usaram o termo pandemia dos não vacinados, sugerindo que as pessoas que tinham sido vacinadas não eram relevantes na epidemiologia do COVID-19. O uso dessa frase por parte dos funcionários poderia ter encorajado um cientista a afirmar que “os não vacinados ameaçam os vacinados com o COVID-19”», escreveu Kampf.

 

Trata-se, disse o médico, de uma visão demasiado simplória.

 

«Há provas crescentes de que os indivíduos vacinados continuam a ter um papel relevante na transmissão», escreveu o médico alemão.

 

As estatísticas americanas testemunham essa afirmativa:

«Há provas crescentes de que os indivíduos vacinados continuam a ter um papel relevante na transmissão»

 

«Em Massachusetts, EUA, foi detectado um total de 469 novos casos de COVID-19 durante vários eventos em julho de 2021; 346 (74%) desses casos eram relativos a pessoas completamente vacinadas ou parcialmente vacinadas, das quais 274 (79%) apresentavam sintomas. Os limiares do ciclo eram similarmente baixos entre as pessoas completamente vacinadas (mediana 22,8) e as pessoas não vacinadas, não completamente vacinadas ou cujo status de vacinação era desconhecido (mediana 21,5), o que indica a presença de uma elevada carga viral também entre as pessoas completamente vacinadas. Nos EUA, em 30 de abril de 2021, foi reportado um total de 10.262 casos de COVID-19 em pessoas vacinadas, das quais 2.725 (26,6%) eram assintomáticas, 995 (9,7%) tinham-se recuperado e 160 (1,6%) falecido».

 

Além disso, temos também as estatísticas da Alemanha:

 

«Na Alemanha, 55,4% dos casos sintomáticos de COVID-19 em pacientes de idade igual ou superior a 60 anos era relativo a indivíduos completamente vacinados, e esse percentual aumenta a cada semana. Em Münster (…) foram reportados novos casos de COVID-19 em pelo menos 85 (22%) das 380 pessoas que estavam completamente vacinadas ou que se tinham recuperado do COVID-19 e que frequentavam uma discoteca».

 

Portanto, «as pessoas vacinadas têm um risco inferior de contrair a forma grave da doença, mas permanecem sendo uma parte relevante da pandemia». 

 

Incontestavelmente; não podia ser diferente. Ponto.

 

Por isso, disse o doutor Kampf, é «errado e perigoso falar em pandemia dos não vacinados».

«Convido os funcionários e cientistas de alto escalão a pararem a estigmatização inapropriada das pessoas não vacinadas, inclusos os nossos pacientes, colegas e outros concidadãos, e a fazerem um esforço maior para reunir a sociedade»

 

Mesmo porque, como é usual dizer, quem não conhece a história está destinado a repeti-la: «historicamente, sejam os EUA que a Alemanha causaram experiências negativas ao estigmatizar parte da população em razão da cor de pele ou da religião».

 

«Convido os funcionários e cientistas de alto escalão a pararem a estigmatização inapropriada das pessoas não vacinadas, inclusos os nossos pacientes, colegas e outros concidadãos, e a fazerem um esforço maior para reunir a sociedade».

 

Kampf conclui o breve mas incisivo artigo com a declaração de conflito de interesse: ele não tem nenhuma.

 

Quantos médicos que vão às nossas redes de televisão podem dizer o mesmo?

 

 

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin, cujas opiniões pessoais não coincidem necessariamente com aquelas expressadas neste artigo.

 

 

Articolo originale in italiano.

 

 

 

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