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O green pass é a base do euro digital. Isto é da nossa escravidão
«É válido, portanto, fazer o seguinte questionamento: o green pass serve para incentivar a somente a vacinação em massa ou o algo mais?»
Uma matéria de suma importância foi publicada no jornal La Verità. O artigo, complexo e detalhado, é intitulado: «O passe da vacina não é um meio, mas um fim: concederá “direitos” somente àqueles cadastrados».
As revelações feitas pelos jornalistas Claudio Antonelli e Giulia Aranguena, os quais fizeram uma investigação sobre a arquitetura jurídica e informática do green pass, confirmam aquilo que Renovatio 21 publicou há poucos dias: o green pass é um meio através do qual será instaurado o euro digital, conforme tinha sido anunciado pela presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. Isto é, a instauração de uma sociedade completamente controlada, na qual o cidadão é submetido biologicamente, economicamente e eletronicamente ao poder central.
«A criação desta grande plataforma de vigilância ao cidadão – de alcance ainda mais profundo do que o da sua equivalente chinesa – é a tarefa da qual os mandachuvas se encarregaram nos últimos anos. Com o euro digital, assim como com o green pass, as pessoas dependerão das instituições até mesmo para as atividades mais básicas, como comer, beber, ir e vir, etc.».
«É válido, portanto, fazer o seguinte questionamento: o green pass serve para incentivar a somente a vacinação em massa ou o algo mais?»
O green pass, na sua essência, é uma plataforma eletrônica criada para existir mesmo sem a vacina: «O green pass nu e cru é um perfil digital que visa a confirmar a posse de determinadas condições em base as quais um usuário pode se dizer habilitado e certificado em relação a uma plataforma que confere direitos e liberdade (veja o semáforo verde) concedidos pelo gestor».
«Nesse caso, o gestor da plataforma é o estado; a plataforma é de propriedade e está sob total controle estatal; os direitos e a liberdade de acesso a um determinado lugar são reestabelecidos na forma de concessão pelo próprio gestor».
A Europa emitiu uma regulamentação (2021/953, de junho de 2021) através da qual foi criado o DGCG – Digital green certificate gateway.
Esse portal é constituído por uma rede de bancos de dados «que visam à interatividade dos green passes e à capacidade de reconhecimento recíproco entre os estados-membros da UE, que funcionam como simples pontos de backend da rede».
Trata-se de uma grande operação informático administrativa «que pode ser atribuída aos tecnocratas da e-Health network, o grupo de agentes públicos instituídos pela Diretiva 2011/24/EU» que agrupa entidades sanitárias de vários estados-membros. Os projetos, que versam sobre a integração dos sistemas de identidade digital, tinham sido criados alguns anos antes da pandemia, mas foram implementados através de uma decisão executiva da comissão somente no dia 28 de junho de 2021.
Com base nisso, o governo do ex-chefe do BCE, Mario Draghi, moveu-se com velocidade e precisão impressionantes:
«O governo Draghi, já a partir do último mês de abril, e posteriormente em maio e junho, com a introdução do ato governativo do PNRR de 31 de maio de 2021 e do decreto de 17 de junho, colocou em funcionamento, não do nada, a ciclópica engrenagem da plataforma nacional Digital green certificate (Pn-Dgc) para a emissão e controle dos certificados green».
O tema central é a comunicação entre os bancos de dados.
Dessa maneira, Draghi «interligou os bancos de dados do registo civil nacional da vacina àqueles dos estados e os conectou ao sistema da carteira de saúde, a qual é administrada pelo ministério da economia, e ao EU-DGCG (mencionado acima), fazendo com que o complexo resultante se tornasse um portal que contém toda a infraestrutura digital. A tarefa da certificação foi atribuída, na Itália, à casa da moeda nacional.
Trata-se da unificação de todos os bancos de dados em um único sistema eletrônico.
Trata-se da unificação de todos os bancos de dados em um único sistema eletrônico.
Os dois jornalistas milaneses investigaram a morfologia, enigmática e opaca, do sistema e da sua gênese.
«Na prática, o “coração” do green pass se baseia na tecnologia blockchain, cuja finalidade é conservar e atualizar as todas as chaves de assinatura públicas, que são um encargo das autoridades de certificação de cada país, antes da sua certificação definitiva, bem como a sua associação às chaves privadas correspondentes à identidade de cada cidadão habilitado em base à contemplação de pelo menos uma das três condições que permitem a emissão do green pass (vacinação, teste com resultado negativo ou recuperação da doença).
A estrutura, «graças a essa forte interatividade (inclusive com as estruturas que estão sendo desenvolvidas a nível internacional, como a da O.M.S., de agosto de 2021)», apresenta-se «como um sistema dotado de modularidade e escalabilidade, isto é, projetado para suportar picos de carga repentinos sem que sua funcionalidade seja afetada (…), apto, portanto a empregos extras, finalidades, cenários e tipologias de certificação diversas».
«Um sistema dotado de modularidade e escalabilidade, isto é, projetado para suportar picos de carga repentinos sem que sua funcionalidade seja afetada (…), apto, portanto a empregos extras, finalidades, cenários e tipologias de certificação diversas».
Pode-se facilmente concluir, portanto, que o green pass nada mais é do que a própria identidade digital pública dos usuários, ou portadores do certificado verde, que deve ser mantida nas carteiras digitais iOS ou Android, instaladas nos smartphones.
Portanto, «tudo indica que a emissão deste documento de identidade está subordinada ao adequamento a uma determinada conduta ou à posse de uma determinada condição, sem qualquer possibilidade real de escolha».
«Em suma, trata-se de uma ferramenta de recenseamento na sua forma mais avançada. O cidadão passa, assim, a ser um número ao qual será possível vincular funções, serviços e direitos de diversos tipos».
Podemos afirmar com certeza que a vacinação é o objetivo último de toda a imensa arquitetura eletrônica do green pass?
«Diante da tamanha abrangência da blockchain e do ambicioso projeto do green pass, pode-se deduzir que a vacinação não é o objetivo verdadeiro nem que simplesmente haja algum plano oculto, mas que o green pass é um fim em si mesmo. E uma vez em funcionamento, não haverá mais volta».
«Diante da tamanha abrangência da blockchain e do ambicioso projeto do green pass, pode-se deduzir que a vacinação não é o objetivo verdadeiro nem que simplesmente haja algum plano oculto, mas que o green pass é um fim em si mesmo. E uma vez em funcionamento, não haverá mais volta».
«É claro que, uma vez que todos os italianos estejam em posse de sua identidade digital, cuja emissão é, por enquanto, condicionada apenas a exigências sanitárias, tais condições podem ser alteradas ou ampliadas: declarações de impostos, pagamentos, multas, etc.; a implantação do euro digital que, como previsto pelo BCE, nunca poderia ser introduzido sem uma infraestrutura blockchain como a do green pass, é a mais importante delas».
Na prática, por de trás do green pass está um software, um sistema (informático e jurídico) que tem o poder de controlar nossas vidas: com ele pagaremos impostos, multas, etc. Mais além, não precisaremos fazer nada; o dinheiro será transferido de nossas contas automaticamente, visto que tudo será gerido por um poder central que almeja total acesso aos meandros das nossas vidas: aos detalhes das nossas finanças, do nosso estado de saúde, etc. A privacidade não será mais um direito e nem sequer um ideal.
A criação do euro digital tem como objetivo a abolição do dinheiro em espécie. Com aquele, a Europa pode colocar-se na avanguarda (até mesmo em relação à China) da evolução do estado moderno em direção ao totalitarismo absoluto. Com o euro digital, todas as nossas transações financeiras serão rastreáveis: quanto gastamos com a alimentação, vestuário e serviços; os produtos que consumimos; a marca do sorvete e da camiseta; o título do filme ao qual assistimos no cinema; quais remédios compramos; aonde vamos nas férias e em qual hotel nos hospedamos; etc. Todas essas informações interessam ao leão – e não só ao leão. Interessam também aos ministérios da saúde, dos negócios exteriores, etc. São relevantes também a terceiros. Já circula o dito de que as informações são o petróleo do século XXI. O green pass é um carro que nos obrigam comprar para que aderamos ao novo combustível.
A criação do euro digital tem como objetivo a abolição do dinheiro em espécie. Com aquele, a Europa pode colocar-se na avanguarda (até mesmo em relação à China) da evolução do estado moderno em direção ao totalitarismo absoluto.
Mais além: as nossas negociações poderão ser impedidas. Temos diabetes? O sistema pode nos impedir de comprar Nutella. Rodízio de automóveis? Não nos deixam encher o tanque. Temos vontade de nos aprofundar em determinado assunto? Livros que contêm informações desagradáveis à ordem do dia não estarão mais disponíveis – na Amazon, como se sabe, já funciona desse modo: muitos autores simplesmente desapareceram.
Tudo pode ser controlado em tempo real por algoritmos tão complexos a ponto de serem ininteligíveis a seus próprios criadores. Os dados são cruzados em modos incompreensíveis à mente humana e a resposta dada pelo sistema tem o poder de selar o destino de uma pessoa. É o que se observa na China, onde o sistema do green pass foi implementado durante a pandemia: os cidadãos são checados à saída do metrô – se a luz vermelha acende, eles devem retornar à casa imediatamente e entrar em quarentena. Nenhuma justificativa é necessária: o estado e sua quimera digital não nos devem satisfações.
É nessa direção que caminha o mundo moderno: submissão total do indivíduo, a nova escravidão econômica, informática e biótica que recai sobre o século XXI.
Algum leitor desatento pode pensar: “é prático não ter de me ocupar com o pagamento de uma multa, já que ela se paga automaticamente”. A verdade é que os figurões não se preocupam nem um pouco com a nossa comodidade. O intento é abolir todos os passos intermediários, isto é, qualquer possibilidade de reação a uma decisão imposta de cima para baixo: não poderemos nos opor, cumpriremos a sentença e ponto final. É a ruptura, a desintermediação do estado de direito. Isso já é uma realidade nas redes sociais, as quais banem e censuram milhares de pessoas sem fornecer quaisquer tipos de justificativas: não há nenhum processo, muito menos um «processo justo». Trata-se da nova civilização autoritária que se esconde atrás do mito da transparência.
O intento é abolir todos os passos intermediários, isto é, a reação a uma decisão imposta de cima para baixo: não teremos nenhuma possibilidade de nos opor; cumpriremos a sentença e ponto final. É a ruptura, a desintermediação do estado de direito.
E, já que estamos falando de processos, raciocinemos acerca do quê irá acontecer com o sistema jurídico. Será muito mais fácil, mais imediato, obter dinheiro através de um decisão judicial – ou vê-lo batendo asas. Do mesmo modo, um juiz poderá bloquear os nossos patrimônios, ou alterar a titularidade deles, por meio de um simples clique no mouse. Nesse caso, ficaremos sem meios para sobreviver: os trocados que guardamos embaixo do colchão não terão mais serventia, já que o dinheiro vivo será ilegal; as doações aos necessitados e à Igreja (caso permaneçam permitidas) serão efetuadas somente por via digital – poderão, portanto, inibi-las também.
Agora fica claro o motivo pelo qual houve (e há) tamanha insistência com relação à vacinação.
Fica claro também porque os dirigentes compraram uma briga com toda a sociedade e com um número elevado de trabalhadores – mesmo com o risco de deflagrar um outono marcado por lutas operárias com potencial de paralisar a Itália e a Europa.
Os pagamentos serão realizados fácil e rapidamente; os caixa eletrônicos desaparecerão e talvez também os caixas físicos. Muitos idiotas (os políticos do partido 5 Stelle, cujo líder prometeu exatamente isso) ficarão felicíssimos: «não tenho nada a esconder». Com a identidade digital vinculada ao green pass, abriremos as contas nas quais depositaremos nossos euros digitais criados do nada. Quem sabe, às vezes para nos incentivar a usá-los, nos darão alguns de brinde.
Milhões cairão na armadilha: para qualquer coisa que desejem fazer, será necessário o selinho digital.
A nova forma do estado moderno, e das nossas vidas, está logo ali: um sistema de vigilância totalitária sem precedentes na história, mas que, entretanto, já foi descrito há alguns milhares de anos.
«E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas. Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome». (Apocalipse 13, 16-17)
Roberto Dal Bosco
Tradução de Flavio Moraes Cassin
Articolo originale pubblicato in italiano