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O alvorecer da inocência
«Em breve, a violência tornar-se-á erótica, a tortura eufórica, enquanto as massas saudarão com joia as execuções públicas impulsionadas pela ira do fascismo. Os campos de concentração serão reconstruídos. A ignorância será glorificada. E existirão guerras raciais, porque o ódio será recompensado e considerado algo autêntico e belo. A fé será reduzida a um estereótipo envenenado, uma escravidão do pensamento infestada de morfina. A perversão será nobilizada. O incesto, a moléstia e a pedofilia serão louvados. Existirão prêmios para os estupradores. Alguns serão donos de tudo e a maior parte não terá nada, porque os homens não foram criados iguais. O narcisismo não será mais reprimido, mas venerado como uma virtude. Satisfazer os próprios impulsos tornar-se-á instintivo. As nossas identidades serão definidas pela dor que infligiremos. O niilismo puro, genuíno, será a única solução diante da morte gloriosa. Com o passar do tempo teremos a nossa religião, a nossa dinastia. E com elas despertaremos a verdadeira fúria do mundo. E enquanto o homem será implodido em um banho de sangue e silêncio, emergirá uma nova mutação. Nesse dia será declarado alvorecer da inocência».
Tradução de Flavio Moraes Cassin, cujas opiniões pessoais não coincidem necessariamente com aquelas expressadas neste artigo.