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Nelson Mandela e o green pass

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Acreditamos que o green pass – e o passaporte vacinal, e o 2G, e quaisquer outros modos com os quais os países nomeiem o passe COVID – constitua um verdadeiro apartheid. Neste site referimo-nos a ele frequentemente com a expressão «apartheid biótico». Parece-nos incredível que ora venha-nos vendido um conceito de «liberdade» que passa pela segregação de uma parte da população. Mas é assim.

 

Trata-se de um fato absolutamente inédito na triste história da discriminação humana: não se é discriminado pela cor da pele, língua, grupo étnico, ideologia – é-se discriminado a nível biológico, até mesmo subcelular, biomolecular.

 

Todos vimos o paroxismo a que se chegou. Como se não fosse nada de demais, países inteiros dividiram supermercados e bares entre um segmento biótico da população e outro – os não-vacinados têm as suas mesas separadas, talvez do lado de fora, e em muitos lugares não podem entrar. «Assim como os fumantes no passado», alguém minimiza. Não, na realidade os fumantes podiam ir à piscina, bastava que não fumassem ali.

Estamos diante de um projeto de engenharia social sacrificial: o cancelamento das minorias

 

Como se não fosse nada de demais, estabeleceu-se aquilo que alguém poderia definir como um novo racismo, baseado na seringada mRNA. O geneticista Lee Silver, um entusiasta daquilo que ele mesmo batizou como «riprogenética», isso é, a criação, cada vez mais artificial, de crianças frutos da bioengenharia, disse no seu livro publicado no final dos anos 90, Il paradiso clonato [O paraíso clonado; nota do tradutor], que a sociedade em breve ter-se-ia dividido em dois ramos: de um lado os GenRich, a população geneticamente enriquecida, criaturas com DNA manipulado para serem mais belas, mais saudáveis, mais funcionais; do outro os Naturals, aqueles que, por fé religiosa, retrocesso, ou somente por azar vieram ao mundo por meio de concepção e gestação naturais.

 

Silver afirmava que essas duas classes sociais ter-se-iam distinguido ao ponto em que os Naturals acabariam, por força, fazendo os serviços domésticos nas casas dos GenRich. E não apenas: à medida em que o tempo avançasse, a diferença genética entre os dois grupos tornar-se-ia tal que cruzamentos entre as duas «raças» seriam biologicamente impossíveis.

 

Pois bem, ainda não passamos pela engenharia genética (mas, o leitor de Renovatio 21 já sabe, estamo-nos aproximando), mas estamos plenamente diante de uma sociedade dividida em duas classes biológicas – e, a propósito, o que a está dividindo é justamente uma técnica genética, o mRNA.

 

O apartheid dos não-vacinados é uma realidade que se fará presente de modo cada vez mais obsceno. Neste momento, na Áustria e na Alemanha está em andamento um lockdown somente para os não-vacinados, ou seja, lagers, os quais também já estão ativos na Austrália e, pelo que consta em uma lei apenas votada em Viena, possivelmente serão abertos em um país limítrofe [limítrofe à Itália; nota do tradutor].

 

Todavia, se olharmos ao apartheid experimentado pelos negros africanos, as diferenças saltam aos olhos. Os negros sul-africanos não eram impedidos de sair de casa. Os negros sul-africanos não eram impedidos de trabalhar. Aos negros sul-africanos não era requerida uma alteração genética. Aos negros sul-africanos, horrendamente, não era concedido pegar o mesmo ônibus dos brancos, mas os ônibus para os negros existiam.

 

Na prática, as condições dos negros sob o regime do apartheid sul-africano eram muito melhores do que as dos muitos não-vacinados sob o regime da tirania sanitária.

Na prática, as condições dos negros sob o regime do apartheid sul-africano eram muito melhores do que as dos muitos não-vacinados sob o regime da tirania sanitária

 

A este ponto, é impossível não mencionar a história do ícone da luta contra o apartheid, Nelson Mandela.

 

Não nos é possível provar simpatia por aquele que foi um personagem pré-confeccionado pelo mundo «laico» (isto é, maçônico e globalista) como um santo «laico» (isto é, maçônico e globalista) do século XX, à semelhança de Gandhi e Martin Luther King – o fundador da Renovatio 21 escreveu um ebook a respeito, e falou sobre o assunto também em um capítulo de um outro livro.

 

Mandela era um terrorista: ele era assim considerado, e com razão, pelo governo sul-africano do apartheid. Ele foi encarcerado porque o seu partido, o ANC (que era fortemente influenciado pela URSS e seus satélites) tinha abandonado os métodos constitucionais e empreendido a via da luta armada: sabotagens, com mortos e feridos, e treinamento de uma ala militar para usos futuros.

Nelson Mandela, o ídolo celebrado por aqueles que hoje impõem a tirania biótica, teria muito para contar; algo que interroga, profundamente, o próprio sentido da democracia

 

Acerca dos atentados perpetrados por eles, com vítimas inocentes, poder-se-ia escrever muito, assim como do modo horrível através do qual eles justiçavam os seus próprios homens – um pneu em chamas entorno ao pescoço e muito mais, tudo regado a cançõezinhas que celebravam o necklacing, mais conhecido como «colar»: «With our boxes of matches, and our necklaces, we shall liberate this country», com a nossas caixinhas de fósforos, e os nossos colares, nós iremos liberar este país…»

 

Todavia, próprio Nelson Mandela, o ídolo celebrado por aqueles que hoje impõem a tirania biótica, teria muito para contar; algo que interroga, profundamente, o próprio sentido da democracia.

 

Mandela foi preso em 1962. Foi submetido ao assim-chamado Rivonia Trial, um processo que durou de outubro de 1963 a junho de 1964 e que terminou com sua a condenação à prisão perpétua por conspiração para derrubar o Estado.

«Sou acusado de ter incitado as pessoas a cometerem um delito em sinal de protesto contra a lei, uma lei em cuja elaboração nem eu, nem nenhum membro do meu povo, tivemos voz ativa»

 

Mandela, ao fim do processo, fez um discurso que se tornou histórico, que é considerado atualmente como um dos momentos fundadores da África do Sul contemporânea, e que veio a público após 27 anos de encarceramento do líder. Era 20 de abril de 1964.

 

Frequentemente são citadas, e com razão, a beleza e a poesia do seu idealismo civil:

 

«Durante a minha vida dediquei-me a esta luta do povo africano. Combati contra a dominação branca e combati contra a dominação negra. Cultivei o ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas viverão juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e ver realizado. Mas, meu Senhor, se necessário, é um ideal pelo qual estou pronto para morrer».

 

Os advogados de Mandela eram contra à inserção desse referimento à morte: temiam que isso pudesse elevar a sentença à pena de morte. Mandela quis incluir assim mesmo essas palavras.

É possível que uma larga fatia da população seja submetida a uma lei em cuja elaboração qual não teve nenhuma participação?

 

Todavia, a primeira declaração dele no tribunal em 1962 foi ainda mais significativa política e filosoficamente.

 

«Sou acusado de ter incitado as pessoas a cometerem um delito em sinal de protesto contra a lei, uma lei em cuja elaboração nem eu, nem nenhum membro do meu povo, tivemos voz ativa».

 

«Ao examinar a decisão acerca da pena a ser aplicada em razão de um delito desse gênero, o juiz deve levar em consideração a questão da responsabilidade, se eu sou responsável ou se, de fato, grande parte da responsabilidade não recai sobre os ombros do governo que promulgou tal lei, sabendo que o meu povo, que constitui a maioria da população deste país, opôs-se a ela, e sabendo, além disso, que quaisquer meios legais para demonstrar tal oposição foi-lhe precluso pela legislação precedente e pela ação administrativa do governo».

 

Mandela fala do impasse definitivo da democracia: uma parte da população não tem mais nenhum canal para se exprimir.

 

Mas mais ainda, nessas linhas o líder sul-africano ventila um dos maiores temas da democracia, o qual o politólogo de Yale Ian Shapiro chama de «principle of affected interest», «princípio de interesse prejudicado».

 

É possível que uma larga fatia da população seja submetida a uma lei em cuja elaboração qual não teve nenhuma participação?

Hoje em dia, encontramo-nos exatamente na posição de Mandela. Leis aterradoras – lei típicas de um apartheid pior do que o sul-africano – são implementadas sem que nem no governo e nem no Parlamento haja uma mínima representação de uma parcela percentual da população de dois dígitos que rejeita completamente as políticas em curso

 

«A posição de Mandela era que o princípio do interesse prejudicado tinha sido violado», afirma Shapiro. «Essa noção é muito próxima à mais fundamental ideia procedural da teoria democrática, isto é, que as pessoas cujos interesses são feridos por uma decisão presumivelmente deveriam ter alguma voz ativa na tomada daquela decisão».

 

Isso é particularmente verdadeiro nos casos em que a população não tenha uma expressão de representação democrática – a gota que transbordou o vaso da Revolução Americana, o famoso «no taxation without representation», inovado pelo Tea Party. Se quiserem nos taxar, queremos ter representação no processo decisório acerca as taxas.

 

Estamos praticamente no coração da justiça democrática. Sem representação de grandes porções da população – especialmente aquelas em desacordo com poder! – não há justiça e não há, como na etimologia, poder do povo. A forma de governo resultante é somente uma forma de tirania que se autodenomina cosmeticamente «democracia».

A esses milhões de dissidentes sem nenhuma representação, sem nenhuma voz no processo decisório, é pedido o sacrifício do próprio corpo biológico e da própria moral

 

Hoje em dia, encontramo-nos exatamente na posição de Mandela. Leis aterradoras – lei típicas de um apartheid pior do que o sul-africano – são implementadas sem que nem no governo e nem no Parlamento haja uma mínima representação de uma parcela percentual da população de dois dígitos que rejeita completamente as políticas em curso.

 

Mais ainda: a esses milhões de dissidentes sem nenhuma representação, sem nenhuma voz no processo decisório, é pedido o sacrifício do próprio corpo biológico e da própria moral. Leis, repetimos junto com Mandela, «em cuja elaboração nem eu, nem nenhum membro do meu povo, tivemos voz ativa».

 

Logo, o que se torna a democracia?

Os governos de todo o mundo, hoje, perseguem o exato contrário: a desintegração dos indivíduos dotados de razão, e a preservação de massas de pessoas irracionais e manipuláveis a seu bel-prazer, seja que se tranque os fantoches em casa por meses, seja que se-lhes injete uma substância de alteração genética

 

«A democracia pode ser o pior dos males, a pior das tiranias. Porque não há uma tirania pior do que a da massa irracional, que a da multidão de linchadores». Vimos em um artigo publicado ontem, o grande discurso de Lyndon Larouche sobre a Lei Natural como única verdadeira pátria do ser humano.

 

«A democracia como alguns a definem é a democracia da multidão linchadora, em confronto da qual é importante não ter a cor de pele errada, ou não ter o tipo de opinião errado, com base no qual o indivíduo não tem nenhum outro direito além do direito de estar de acordo com aquilo que parece ser a opinião dominante».

 

É exatamente assim, como com Mandela: o único direito que temos é o de estar de acordo com a opinião dominante, aquela que hoje chamamos, cada vez mais descaradamente, «narrativa». Vocês devem acreditar em tudo o que lhes dizem, mesmo se o que lhes é inculcado não tem lógica, e o que lhes é injetado não tem garantias de que seja seguro (não por acaso, trazem-lhas os militares…). De outro modo: ultraje, marginalização, ou até mesmo a expulsão do discurso público, a damnatio memoriae que passa pelas redes sociais. Talvez, após isso, também algumas porretadas, ou um cão feroz que os ataca diante de todos, ou até mesmo alguns tiros.

 

Estamos diante de um projeto de engenharia social sacrificial: o cancelamento das minorias.

Encontramo-nos, portanto, em um impasse histórico – ou talvez, em uma mutação política epocal. A democracia não representa mais os cidadãos – somente, programaticamente, alguns deles. Os outros são ignorados, ou combatidos até a submissão

 

O Estado democrático deveria, na teoria, incluir o dissenso quando esse é embasado não sobre a barbárie irracional, mas sobre a razão. O Estado deveria fornecer a possibilidade de palavra, de razão – de Logos – a todos os homens que do Logos são filhos.

 

«A defesa do indivíduo que deseje raciocinar, que tenha a intenção de ser governado pela Lei Natural e pela razão, é a tarefa mais sagrada da sociedade», dizia Larouche. «A defesa e o desenvolvimento de tais indivíduos é a tarefa da sociedade».

 

Os governos de todo o mundo, hoje, perseguem o exato contrário: a desintegração dos indivíduos dotados de razão, e a preservação de massas de pessoas irracionais e manipuláveis a seu bel-prazer, seja que se tranque os fantoches em casa por meses, seja que se-lhes injete uma substância de alteração genética.

 

Encontramo-nos, portanto, em um impasse histórico – ou talvez, em uma mutação política epocal. A democracia não representa mais os cidadãos – somente, programaticamente, alguns deles. Os outros são ignorados, ou combatidos até a submissão.

A democracia, nascida com o intento de deixar livre a expressão do indivíduo, agora tornou-se censura e violência. A democracia tornou-se tirania e escravidão. A liberdade tornou-se aparhtied. Um apartheid biótico

 

A democracia, pensada para incluir as minorias, ora projeta a eliminação delas, política e talvez não apenas política.

 

A democracia, nascida com o intento de deixar livre a expressão do indivíduo, agora tornou-se censura e violência.

 

A democracia tornou-se tirania e escravidão.

 

A liberdade tornou-se aparhtied. Um apartheid biótico.

 

 

Roberto Dal Bosco

 

 

 

Tradução de Flavio Moraes Cassin

 

Articolo originale pubblicato in italiano

 

 

Imagem Laurel via Wikimedia publicada sob licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 2.0 Generic (CC BY-SA 2.0), immagine modificata.

 

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